Na província do Bengo, o sofrimento não precisa de muita procura: basta entrar num centro de saúde pública ou num hospital público para ver de perto o retrato cruel do abandono.
Em pleno século XXI e após 50 anos de independência e mais de duas décadas de paz, os cidadãos ainda enfrentam um sistema de saúde pública desumano, marcado por negligência, descaso e uma gestão pública que parece ignorar a dor do povo não só na província do Bengo, como em toda a Angola.
As urgências transformaram-se em salas de espera da morte, onde pacientes lutam não apenas contra doenças, mas também contra a ausência de medicamentos, de profissionais capacitados, de equipamentos mínimos e, sobretudo, contra a falta de compaixão e humanismo.
É triste e revoltante ver crianças, que são chamadas de “futuro da nação”, amontoadas em enfermarias sem condições de higiene, sem primeiros socorros, sem dignidade.
Nos países sérios, a saúde é prioridade. Aqui, ela parece ser um luxo. O que deveria ser um direito tornou-se uma luta diária.
Na verdade, no que diz respeito à ausência de serviços sociais básicos e de infraestruturas essenciais ao bem-estar da população a situação piora a cada dia que passa.
Todos os municípios da província do Bengo continuam desprovidos de serviços sociais fundamentais, como
centros de saúde equipados e com pessoal qualificado; estabelecimentos de ensino com condições adequadas; programas de apoio social às comunidades mais vulneráveis, etc.
Esta realidade tem agravado os índices de pobreza, doenças evitáveis e o abandono escolar precoce nas zonas rurais.
A inexistência ou o estado precário das vias de acesso é outro problema com que se debate a população nos municípios do Bengo.
A situação dificulta gravemente o escoamento dos produtos agrícolas dos camponeses para os centros de comercialização.
Como consequência, os camponeses registam perdas significativas da produção agrícola, redução da renda familiar e enfraquecimento da economia rural.
Outro problema que enfrenta a maioria dos municípios é a falta de energia eléctrica.
O acesso irregular à energia electrica ou a sua falta total,
compromete o funcionamento dos serviços públicos e privados; agrava as condições de vida da população; e limita o desenvolvimento de pequenas iniciativas económicas.
A população relata que tais problemas já foram comunicados às autoridades competentes em múltiplas ocasiões, mas sem qualquer resposta ou solução concreta até ao momento.
DAS, no Bengo