Reabertura do Aeroporto 17 de Setembro ainda sem data

Benguela – O Aeroporto 17 de Setembro, que operou por mais de 50 anos como um dos principais pontos de chegada de turistas na cidade de Benguela, está encerrado e as autoridades não avançam datas para a sua reabertura, constatou a ANGOP.

Localizado numa zona elevada perto da cidade de Benguela, junto ao bairro Dokota, o Aeroporto 17 de Setembro, uma referência ao Dia do Herói Nacional, que homenageia o primeiro Presidente de Angola, António Agostinho Neto, foi inaugurado em 1963.

Este aeroporto, carregado de décadas de história, funcionou como um dos principais pontos de entrada de turistas atraídos pelo sol e pelas praias de águas calmas e cristalinas que fazem de Benguela o segundo destino turístico do país, depois de Luanda.

Além do Presidente António Agostinho Neto, que a 10 de Agosto de 1976 desembarcou neste aeroporto, também o Papa João Paulo II está entre os milhares de passageiros que já passaram pelo 17 de Setembro, aquando da sua visita a Angola, em Junho de 1992.

A infra-estrutura, cuja desactivação começou após a construção do Aeroporto Internacional da Catumbela, em 2012, possui 1620 metros de comprimento e 30 de largura, podendo receber aeronaves de pequeno e médio porte, tipo Embraer-120 ou Fokker 50.

Desde então, o terminal aeroportuário, que antes recebia voos domésticos operados pelas antigas companhias aéreas angolanas, como a Diexim Expresso, a Air 26 ou Fly540, deixou de funcionar em pleno até ser desactivado.

Em 2015, ainda realizava serviços aéreos de cariz particular.

Apesar de ter sido reinaugurado em Novembro de 2010, com uma nova imagem, após obras de reabilitação e ampliação das áreas existentes, que custaram ao Estado cerca de nove milhões de dólares, na altura, o actual aeroporto de Benguela está hoje sem tráfego aéreo e já há sinais de degradação face ao abandono.

Na ronda efectuada pela ANGOP ao local apenas estava um agente da Polícia Nacional, elementos do Corpo de Bombeiros, bem como dois funcionários da Sociedade Gestora de Aeroportos (SGA).

Em entrevista exclusiva à ANGOP, recentemente em Benguela, o presidente do Conselho de Administração da Sociedade Gestora de Aeroportos, Manuel Filipe Júnior, garante, embora sem avançar datas concretas, um plano de reabilitação do Aeroporto 17 de Setembro.

Uma recuperação que, para o PCA da SGA, ainda poderá levar algum tempo, tal como o mesmo referiu: “Como sabe, tem que haver prioridades e a prioridade foi para o Aeroporto da Catumbela, que a partir deste momento é considerado um aeroporto internacional”.

“O Aeroporto da Catumbela está aberto a todo tráfego de e para os demais pontos do país, mas também ao nível regional e internacional”, acrescentou Manuel Filipe Júnior, ressaltando que o Aeroporto Paulo Teixeira Jorge, na Catumbela, é fundamental para o desenvolvimento da província de Benguela.

Ainda que não haja um horizonte temporal para que o terminal aeroportuário de Benguela retome suas actividades, o responsável da SGA assegura que o Governo vai trabalhar neste processo, descartando assim a ideia de que a desactivação da unidade seja definitiva.

Aliás, Manuel Filipe Júnior disse que uma das várias prioridades do Executivo é a continuação da certificação dos principais aeroportos, sendo que, depois da Catumbela, seguir-se-ão os aeroportos do Lubango, Namibe e Cabinda.

“Tão logo concluamos este esforço, então também reavaliaremos o processo para a reabilitação dos demais aeroportos, incluindo o 17 de Setembro”, esclarece, ressalvando que, neste momento, a prioridade é mesmo trabalhar para a certificação dos aeroportos projectados para serem internacionais.

Degradação preocupa SGA

Questionado sobre a degradação do Aeroporto 17 de Setembro, Manuel Filipe Júnior reconheceu: “Temos ciência de que algo temos que fazer (…). está a degradar-se naturalmente mas vamos ter que trabalhar nisso”.

Daí sugerir uma união de sinergias entre a própria SGA, as demais instituições e a comunicação social, numa perspectiva de todos trabalharem na sensibilização da população, de forma que o aeroporto não venha a ser alvo dessa onda de vandalização de bens públicos a que se assiste nos últimos tempos.

Sobre a utilização do primeiro piso do aeroporto para a realização de casamentos, justificou com a necessidade de se trabalhar para fazer o melhor aproveitamento possível das instalações.

“Na realidade, as instalações servem para beneficiar a população da localidade (…). Acho que não há qualquer impedimento nesse sentido”, frisou.

No entendimento do entrevistado, enquanto o aeroporto estiver fechado ao tráfego aéreo, deve-se dar vazão a outros negócios: “Não só faremos neste aeroporto de Benguela, mas também aos demais”.

Como há vários aeroportos que têm uma densidade de tráfego muito reduzida, Manuel Filipe Júnior afirma de forma peremptória que todo o aproveitamento que possa ser feito é sempre bem-vindo.

Sobre os receios dos benguelenses de um eventual desaparecimento do Aeroporto 17 de Setembro para dar lugar a um projecto imobiliário, Manuel Filipe Júnior tranquiliza a população e afasta tal possibilidade.

“O Aeroporto 17 de Setembro não vai desaparecer. Nem o do Lobito (um terminal sob gestão da Força Aérea Nacional”, afirmou.

Invasão

O PCA da SGA referiu-se ainda ao problema da invasão de espaços no perímetro do Aeroporto 17 de Setembro, onde actualmente há muitas obras de residências e empresas já construídas e outras em curso.

“É um problema antigo e nós tentamos trabalhar para resolver com as demais entidades governamentais desta província”, salientou, admitindo não ser um problema fácil.

De qualquer modo, aventou a possibilidade de que esse fenómeno obrigará, no futuro, a demolição de residências, de um lado, e indemnizações por parte do Estado, de outro.

Porém, defendeu que é preciso consciencializar a população que os aeroportos são elementos fundamentais para o desenvolvimento das localidades.

Até porque, disse, por questões de segurança, deve-se criar uma zona livre de obstáculos, que permita que o tráfego aéreo aconteça sem dificuldades.

Em causa está uma área de cerca de 100 metros de segurança, onde, como ilustrou, não é possível e não se deve permitir a construção de residências.

ANGOP

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