Luanda – Os sobrevivente de “4 de Fevereiro” pediram mais investimentos para a recuperação e manutenção da estrutura do Marco Histórico do 4 de Fevereiro (Cazenga), pela representatividade que tem na história do país.
Em entrevista exclusiva à ANGOP, o grupo de 10 nacionalistas ainda vivos, dos 250 que participaram da acção do 4 de Fevereiro de 1961, salienta que a transmissão de conhecimento de geração à geração deve merecer a atenção de todos.
De acordo com Pedro José Van-Dúnem, a decadência desta infraestrutura histórica (Marco Histórico do 4 de Fevereiro) preocupa os membros da associação dos sobreviventes, salientando que já contactaram as distintas entidades para falar sobre o assunto, mais sem sucesso.
“Já escrevemos, já fizemos tudo e não sabemos quem é que anda a gerir o Marco Histórico. Ele não existe só na boca, mas possui um significado histórico muito grande para nós”, salientou.
Por sua vez, o também nacionalista Amadeu Francisco Martins “Calunga”, referiu que o local representa o início de uma história cujos protagonistas contribuíram efectivamente para a revolução e a independência e, por esta razão, tinha de ser tratado de maneira especial.
“Eu estive ali três meses antes do ataque, havia uma casa por trás, onde estava a rainha confinada”, disse.
Situado no município do Cazenga, província de Luanda, o Marco Histórico do 4 Fevereiro simboliza o início da luta armada de libertação nacional, tendo sido inaugurado em Setembro de 2005.
Na sua estrutura conta com 24 metros de altura, sendo integrada por duas estátuas de seis metros que representam os comandantes Paiva Domingos da Silva e Imperial Santana, entre outros.
Divulgação dos acontecimentos que marcaram início da luta armada
Os sobreviventes do “4 de Fevereiro” defenderam uma maior divulgação da história do início da luta armada de libertação nacional, como uma forma de levar o conhecimento à nova geração.
Pedro José Van-Dúnem disse que o conhecimento sobre o início da luta armada angolana não tem sido divulgado com precisão, algo que entristece os sobreviventes de 4 de Fevereiro.
“Isso tinha que ser um problema de ensino primário, das escolas públicas e privadas”, realçou.
“Enquanto estivermos vivos e a respirar é o momento para se aproveitar e trabalhar com estes nacionalistas no sentido de eternizar a história, uma vez que, das centenas de combatentes que deram a cara nesta luta, restam, nesta altura, apenas 10 pessoas. Daqui há poucos anos tudo poderá já ter acabado”, argumentou.
Para este nacionalista, o início da luta armada de libertação nacional foi a melhor demonstração de patriotismo, tendo custado a vida de muitos angolanos.
“Os grandes conhecedores da história dizem que aquele povo que não olha, não obedece, não conhece, não trata a história acaba por perder o senso da essência da vida. Essa história foi elaborada com sacrifício e morreu muita gente”, acrescentou.
Os angolanos comemoram, no dia 4 de Fevereiro, 64 anos desde o início da luta armada de libertação nacional, que culminou com a proclamação da independência de Angola, no dia 11 de Novembro de 1975.
Para os angolanos esta data é de grande importância e de reflexão, pois simboliza um momento histórico para o país.
No dia 4 de Fevereiro de 1961, um grupo de angolanos destemidos se levantaram contra o regime colonialista.
Começando com os ataques contra as cadeias de São Paulo, Casa de Reclusão, a 4ª Esquadra da Polícia de Segurança Pública, Correios Telégrafos e Telefones (CTT), Campo da Aviação. Entre outras instalações da administração colonial em Luanda.
O grande foco destes era a libertação dos presos nacionalistas que corriam o risco de ser atirados ao mar ou transferidos para o Tarrafal (Cabo Verde).
ANGOP