Cuito – O embaixador da República do Zimbabwe em Angola, Thando Madzvamuse, manifestou, esta segunda-feira, o interesse do seu país em investir no sector da agricultura na província do Bié, por possuir inúmeras potencialidades agrícolas.
Thando Madzvamuse, que iniciou uma jornada de trabalho de dois dias nesta província, manifestou este interesse em declarações à imprensa nas potencialidades agrícolas do Bié, à saída da audiência que lhe foi concedida pela governadora do Bié, Celeste Adolfo.
De acordo com o diplomata, o seu país tem muito conhecimento sobre as potencialidades agrícolas do Bié, o que tem despertado interesse para investir na região e concretizar os desafios da garantia da segurança alimentar e deixar de depender das importações do ocidente.
“Soubemos que o Bié tem boas áreas de agricultura e isso tem despertado o nosso interesse em podermos trocar experiências, por possuirmos condições tecnológicas e recursos humanos, que podem ser úteis para Angola”, afirmou.
É por esta razão, continuou, que decidiu se deslocar para o Bié, de modo a constatar a realidade da província e identificar o que de melhor se produz.
Para efeito, disse que vai, durante a sua estada, visitar projectos agrícolas e para ver áreas vitais para o investimento.
Sobre a realidade agrícola do seu país, apontou a produção de trigo, com resultados significativos.
Sem apontar dados, revelou que, em 2024, o Zimbabwe atingiu o recorde de produção e cujo excedente tem sido exportado para o continente e em outras regiões do Mundo.
O tabaco, segundo o mesmo, foi outro produto com resultados satisfatórios, com um nível de produção cinco vezes maior em comparação com aquilo que se produzia na era colonial.
Diplomata consternado pela morte de Sam Nujoma
Durante as suas declarações à imprensa, Thando Madzvamuse mostrou-se consternado pela morte de Sam Nujoma, primeiro presidente da Namíbia, ocorrida no último sábado (09/02), vítima de doença, aos 95 anos de idade.
O diplomata descreveu o pai da Nação namibiana como a rocha e o fundamento da independência dos países da África Subsariana, tal como António Agostinho Neto, Samora Machel, Nelson Mandela e outros panafricanistas, que muito lutaram pela libertação contra as potências colonizadoras.
No cumprimento da sua jornada de dois dias ao Bié, Thando Madzvamuse vai visitar o Cemitério Monumento dos Mártires do Cuito e alguns projectos agrícolas da província, com destaque para fazendas.
Por sua vez, a governadora do Bié, que apresentou ao diplomata as potencialidades da região, desde o sector da agricultura, comércio, indústria, recursos minerais e do turismo, enalteceu o interesse do Zimbabwe em investir na província e mostrou-se expectante pela sua concretização.
Apontou como benefícios o desenvolvimento do sector, visando a elevação dos níveis de produção e diversificação económica, impactando positivamente no combate à fome e pobreza, bem como na criação de postos de trabalho.
Disse que a sua materialização poderá, igualmente, potenciar os pequenos agricultores, tendo em conta os pacotes de financiamentos que podem resultar dessas parcerias.
A governante assegurou o contínuo diálogo com o embaixador para a efectivação da parceria que, para além da agricultura, quer ver também estendida nos sectores do turismo e comércio.
Por parte do Governo, prometeu injectar uma nova dinâmica para avançar a agricultura, enquanto sector primário da economia, para que o país não continue apenas a depender o petróleo, mas também de outras fontes de receitas.
Descrição do sector da agricultura do Bié
A província do Bié, localizada no centro de Angola, tem terras aráveis, recursos hídricos e um clima favorável para a actividade agrícola.
Desde 2019, esta província mantém a média de um milhão 232 mil e 630 toneladas de produtos diversos por época, destacando-se o cultivo de milho, arroz, batata rena, citrinos, sisal, hortícolas e frutícolas, que constituem os produtos mais cultivados na província.
As autoridades governamentais pretendem produzir um total de 1,2 milhões de toneladas de cereais por ano, com destaque para milho, feijão, soja e arroz, até 2027.
Na presente campanha agrícola 2024/2025, as previsões apontam para a produção de dois milhões 70 mil e 484 toneladas de produtos diversos, como milho, feijão, mandioca, soja, amendoim, batata rena, doce, arroz, trigo, hortícolas e frutícolas variadas.
Estão envolvidas 272 mil e 696 famílias camponesas que estão sendo assistidas com insumos agrícolas, com destaque para fertilizantes (adubo12-24-12, ureia e amónio), num total de oito mil toneladas.
Foram disponibilizados 689 mil e 242 hectares que estão sendo preparados com tracção mecanizada, animal e manual.
ANGOP