Adis Abeba, (Lusa) – A União Africana (UA) reúne-se hoje em Adis Abeba na sua 38.ª cimeira e o tema central é o pagamento de reparações pela dominação colonial, mas os debates vão inevitavelmente ser dominados pelos conflitos regionais e a falta de segurança.
A guerra discutida na cimeira da UA persiste desde há cerca de 30 anos no leste da República Democrática do Congo (RDCongo), e que se intensificou nos últimos meses, opõe os rebeldes do Movimento 23 de Março, com apoio logístico e de efetivos militares ruandeses, ao exército governamental, que tem ao seu lado efetivos do Uganda, Tanzânia e África do Sul.
Esta disputa, que ameaça transformar-se numa guerra regional, tem como pano de fundo as riquíssimas e importantes reservas de minérios e metais fundamentais para a indústria e tecnologia mundiais.
O líder angolano, João Lourenço, que há vários anos tem estado estreitamente envolvido nas tentativas de mediação entre a RDCongo e o Ruanda, assume nesta cimeira, em nome de Angola, a presidência rotativa da UA, um cargo meramente honorífico.
A cimeira vai ser ainda marcada pelas novas regras de preenchimento dos órgãos executivos da União Africana.
As candidaturas às eleições dos órgãos executivos da organização continental – presidente da comissão, vice-presidente e comissários – passam a deixar de ser apresentadas por todas as regiões.
Enquanto nas anteriores eleições as candidaturas a todos estes órgãos estavam abertas a todas as regiões do continente – Norte, Ocidental, Central, Oriental e Austral -, nas eleições de 2025 a lista de candidatos aos cargos de presidente e vice-presidente está limitada às regiões da África Oriental e do Norte de África, respetivamente.
E, por exclusão geográfica, o preenchimento dos seis comissariados está reservada a candidaturas apresentadas por países das regiões Central, Ocidental e Austral.
Esta alteração entrou em vigor em janeiro de 2021, passando as candidaturas aos cargos de presidente e vice-presidente, para mandatos de quatro anos, a rodar entre as cinco regiões.
Os candidatos ao cargo de presidente da Comissão Africana, que sucederá ao chadiano Moussa Faki Mahamat, são o chefe da diplomacia do Djibuti, Mahamoud Youssouf, e os antigos ministros dos Negócios Estrangeiros de Madagáscar, Richard Randriamandrato, e do Quénia, Raila Odinga.
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