Agro-negócio fortalece famílias e promove crescimento económico

Luanda – O empresário angolano Carlos Cunha considera o agro-negócio como uma actividade profissional que reúne elevado número de membros da mesma família, em busca de lucros e rendas, e com significativa influência na economia de um país.

Em declarações à imprensa, por ocasião da segunda edição do Debate Sinergias, terça-feira, dedicado aos “Negócios Familiares”, referiu, sem detalhar números, que no mundo do agro-negócio, uma das grandes percentagens dos negócios são de origem familiar.

A comparar com Angola, disse que no Brasil, por exemplo, tem famílias empresárias no agro a 100 ou 150 anos, tal como nos Estados Unidos da América, na Argélia, Argentina, Austrália, África do Sul, onde o agro-negócio é normalmente de origem familiar e com sucesso firmado.

Acrescentou que a gestão de lucros e outros benefícios gera, às vezes, algum conflito entre os parentes, mas que no seu caso não, por pertencer a uma família completamente estruturada, embora os lucros também não têm sido como o desejado.

“O sucesso no negócio familiar passa mesmo por um modelo de uma família bem estruturada. Nós em África temos uma realidade familiar um pouco diferenciada”, explicou o empresário, afirmando que o agro-negócio fortalece famílias e dá um bom contributo para a economia de um país.

Carlos Cunha salientou que para se ter um negócio de sucesso é preciso muita determinação e dedicação, o que pode ocorrer com familiares, principalmente no agro, que detém a maior força de trabalho e muito contribuiu para o Produto Interno Bruto (PIB).

Relatou que no caso de Angola algumas fortunas foram ou são feitas em muito pouco tempo, porque quando o líder da família morre a empresa não consegue se manter no mercado devido a contradições entre familiares, difíceis de se resolver.

Entretanto, aconselhou os empresários angolanos a continuarem com as sociedades anônimas, onde o mérito é determinante e que o ser filho de alguém influente não lhe dá o direito de ser gestor do projecto, mas sim de ser acionista ou dono dos lucros.

Carlos Cunha, que foi prelector de um dos temas do debate, classificou um negócio de família sempre que se trata de uma empresa ou grupo de actividade laboral constituída(o) por membros da mesma família, unidos por uma mesma causa que gera estabilidade.

“O indivíduo que nasceu numa família humilde e não teve a sorte de ter um pai rico, pode ser melhor gestor que o filho de um abastado. A gestão deve ser entregue por mérito e não por laços sanguíneos, e a morte do patrão não pode ser uma ameaça para o trabalhador nem para a firma”, frisou.

Indicou que “os negócios de famílias têm de ter um quartel-general que comanda a guerra”, ou seja, é necessário ter uma sociedade anônima que leve o negócio em frente, pois os assuntos de família devem ser arrumados fora da sociedade.

Por sua vez, Naiole Cohen, que também foi uma das preletoras, disse que mais de 70% de tudo a nível mundial, é criado por empresas familiares, por amigos ou até mesmo mediante uma proposta de valores de organizações que têm na sua gênese as famílias.

Numa empresa familiar, considerou, é preciso ter-se sempre em consideração que em primeiro está a estrutura de valores do seu fundador e a visão de crescimento que esse traz, associada a uma boa gestão que não pode falhar e à estrutura de governança.

Disse que, geralmente essas se pautam por protocolos familiares diferenciados, por cartas de famílias e por Conselhos de Família, para se poder garantir o sucesso e a continuidade do negócio de geração a geração, sem riscos de falência por má gestão.

“Na Coreia do Sul e no Japão, por exemplo, as empresas do ano 1400 ou 1700, as famílias de nome que tiveram o seu início continuam a ser referências empresariais mundiais, hoje, mesmo passados mais de 300 anos”, citou a economista.

Nesse particular, exaltou a família e ou empresa Jerónimo Martins que começou em 1700, com irmãos à frente, e que até à data continua sólida, sob um mesmo pilar.

Já o padre Domingos Beto disse que a igreja não pode estar à margem desses assuntos e que “é extremamente importante apostar-se nas nossas famílias, e não olhar para elas como uma estrutura qualquer, mas como a principal para a estabilidade de qualquer economia.

“A família é a estrutura principal para estabilidade social e o nosso país tem que revolucionar as suas famílias, torná-las fortes e capazes. As nossas famílias têm que estar no nível acima de 74% das famílias civilizadas e a civilização significa t aposta na educação das mesmas famílias.

O Sinergia é uma plataforma de eventos criada em 2024, pela agência ARC – Estratégia Empresarial e Consultoria de Comunicação, que coloca no centro do debate público temas importantes para uma a reflexão da sociedade.

Nesta segunda edição, realizada terça-feira, o Sinergia versou-se sobre os “Negócios familiares”, com enfoque no “Negócio de família e seu contributo para a economia”, bem como caso de sucesso em Angola.

O evento reuniu os agentes e intervenientes do mercado (empresários, gestores, empreendedores, jurisconsultos, contabilistas e consultores) para a partilha de conhecimentos e experiências, tendo em vista a necessidade do reforço da reputação das empresas e entidades.

ANGOP

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