Saurimo – No quadro do 50º aniversário da Independência Nacional, os fazedores de cultura da Lunda-Sul, defenderam, domingo, a realização de um Carnaval Nacional mais abrangente, com a participação das 21 províncias, honrando assim a festividade da “Dipanda”, a assinalar-se a 11 de Novembro deste ano.
Numa ronda efectuada pela ANGOP, os entrevistados foram unânimes em afirmar que a medida tomada para o Carnaval permitirá uma coesão e troca de experiência entre os grupos.
João Lopes, bailarino, sustenta que os grupos fora da capital deviam disputar localmente e os vencedores nas duas classes representariam a fase nacional.
Luís Belenguenha, analista social, diz que a participação dos grupos na arena nacional, traria o sentido multicultural e inclusivo, visando congregar valores da reconciliação nacional.
Alertou aos responsáveis dos grupos carnavalescos a repensarem as próximas edições, com inovações, sobre tudo nas vestes e canções.
Por outro lado, os grupos devem ser auto-sustentáveis, para deixarem de depender dos apoios de terceiros, e que os membros paguem quotas mensais para aquisição de vários adornos.
Por seu turno, o soba da localidade do Muandongi, Herculano de Abreu, exímio tocador de batuque, corrobora com os seus antecessores, afirmando que a realização de um Entrudo nacional seria mais congregadora e a disputa seria renhida.
Lamentou, que o Carnaval perdeu alguma hegemonia, tanto na dança, como na música, na alegoria, bem como a inexistência dos bailes de ruas, pelo que apela ao regresso das raízes próprias do Entrudo, em que os foliões começavam a dançar e cantar a partir dos bairros até no palco da maior festa popular.
Aos empresários, o soba, recomenda o apadrinhamento dos grupos, o Carnaval alberga milhões de pessoas e constitui uma oportunidade única, para a demonstração dos seus produtos e reciprocidade de contactos.
Para o historiador Carlos Txicolassonhi, o Carnaval também serve como meio de desabafo, onde os grupos exibem cartazes para denunciar, criticar e sugerem melhorias de alguma coisa, para o despertar de quem governa.
Danças
Durante o Carnaval os grupos da Lunda-Sul vão ser exibidos a txianda, Muango, Txicaba, Muia, Miting, kandoa, txissela e macopo.
Carnaval no turismo
Neste capítulo, o Carnaval é o centro de vendas de comidas típicas de cada região, movimentando turistas nacionais e estrangeiros, para a arrecadação de receitas. Igualmente contribui para que a rede hoteleira receba fregueses em grande quantidade e troca de experiência entre empresários do sector.
Para este ano, 20 grupos desfilam na edição 2025 do Entrudo, sendo 10 da classe infantil.
A edição 2024 do Carnaval na classe de adultos sagrou-se vencedor UNHENHA do Candembe (1°), Komokenu (2°) e Wulengo do Dala, em 3° lugar, enquanto em infantil, Txiza Sonho (1°), Brilho de Saurimo (2°) e Mukishi Mwana Cacolo (3°), respectivamente.
ANGOP