Projeto para maternidade mais segura em Angola e Moçambique

Coimbra, (Lusa) – Instituições de ensino de quatro países participam num projeto coordenado pela Escola Superior de Enfermagem de Coimbra (ESEnfC) que visa melhorar o controlo das infeções maternas associadas ao parto e proporcionar uma maternidade mais segura em Angola e Moçambique.

Cofinanciado pela União Europeia com 800 mil euros, através do programa Erasmus+, o projeto focado para maternidade em Angola e Moçambique, destina-se a “formar educadores e estudantes de enfermagem” dos dois países africanos de expressão portuguesa acerca das “práticas de controlo de infeções maternas periparto”.

“Nos últimos números de Angola, temos 460 mortes por ano de mães por cada 100 mil nascidos vivos, enquanto em Moçambique morrem 506 mulheres em 100 mil nascidos vivos”, disse hoje à agência Lusa a professora Maria da Conceição Bento, coordenadora do projeto.

Porém, “estes são os números possíveis” sobre a realidade atual da maternidade em Angola e Moçambique.

“Temos de estar preocupados com as infeções maternas que acontecem no periparto”, sublinhou a docente e antiga diretora da ESEnfC.

O consórcio “vai intervir na formação dos futuros enfermeiros para melhor controlo das infeções maternas periparto, uma das prioridades globais de saúde com especial relevância na África subsariana, dada a elevada incidência e mortalidade de mulheres e recém-nascidos”, salientou hoje a ESEnfC num comunicado enviado à Lusa.

Até 2027, participam no projeto, além da anfitriã de Coimbra, que acolhe o primeiro encontro presencial até sexta-feira, a Universidad de Valladolid (Espanha), o Instituto Superior Politécnico do Cuanza Sul e o Instituto Superior Politécnico Privado da Catepa, ambos em Angola, e a Universidade Lúrio e a Universidade Católica de Moçambique (UCM).

Para Atija Pililão, que coordena a iniciativa da parte de Moçambique, “a questão da saúde da mulher e da criança é um desafio ainda de nível elevado da maternidade, no parto e no pós-parto”.

“Com o trabalho de toda a equipa, podemos conseguir controlar aos poucos algo que para nós é preocupante”, declarou a docente de enfermagem na UCM.

Por sua vez, Lourenço Lino Sousa, de Angola, realçou à Lusa que “os trabalhos em curso superam as expectativas”.

“O projeto é bastante importante para o processo de ensino e aprendizagem, ao nível dos conteúdos programáticos, sobretudo para o controlo e prevenção das infeções do periparto”, referiu.

O professor do Instituto Superior Politécnico do Cuanza Sul, também coordenador do projeto, salientou a importância de “preparar os profissionais, analisar os programas de estudo e identificar as lacunas”, contribuindo para “prevenir as infeções do periparto e evitar muitas mortes”.

No comunicado, a ESEnfC acentuou a necessidade de conseguir “práticas de controlo de infeções maternas periparto que sejam simultaneamente sustentáveis e inovadoras, contribuindo para uma maternidade mais segura”.

Os parceiros pretendem “melhorar a qualidade do ensino superior na África subsariana, reforçando a relevância dos enfermeiros formados nas instituições de ensino superior para o mercado de trabalho e a sociedade, aumentando o nível de competências, aptidões e potencialidades, quer dos estudantes, quer dos educadores de enfermagem”, adiantou Maria da Conceição Bento, citada na nota.

A investigadora revelou ainda à Lusa que os promotores, numa fase posterior, planeiam “disseminar os resultados do projeto” em países como Guiné-Bissau, Cabo Verde, São Tomé e Príncipe e Timor-Leste.

Está previsto que, durante três anos, o projeto envolva 950 estudantes e 200 professores, enfermeiros e tutores clínicos de enfermagem.

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Lusa/Fim

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