FMI avisa que substituição de importações em Angola pode aumentar inflação

Redação, (Lusa) – O Fundo Monetário Internacional (FMI) alerta para os riscos de substituir importações para estimular a produção em Angola devido às pressões inflacionistas e distorções no acesso aos fatores de produção.

Num relatório de avaliação sobre Angola divulgado hoje, o FMI destaca que o controlo da inflação continua a ser decisivo, lembrando que diminuiu para 27,5% em dezembro de 2024, após um pico de 30,5% em junho de 2024, devido sobretudo às restrições da oferta e pressões cambiais, sendo o licenciamento das importações um dos principais fatores do aumento dos preços dos alimentos.

“Estima-se que os fatores de pressão dos custos do lado da oferta sejam responsáveis por mais de metade da inflação anual”, indica o documento consultado pela Lusa.

Recentemente o Instituto dos Serviços de Veterinária, pertencente ao ministério angolano da Agricultura e Florestas comunicou que iria deixar de emitir licenças de importações de alguns produtos alimentares de origem animal, nomeadamente miudezas e partes de aves (frango e pato), suínos e bovinos, como medidas para fortalecer a produção interna e reduzir a sua dependência do mercado externo.

Na avaliação sobre Angola, o FMI recomenda que, a par das medidas de política monetária, seja dada prioridade ao alívio nas restrições da oferta para controlar a inflação, apesar das autoridades angolanas insistirem que as medidas se inserem nos esforços de promoção da diversificação económica, para apoiar a produção nacional e reforçar a segurança alimentar.

“As autoridades estimam que os benefícios potenciais destas políticas são superiores às estimativas dos técnicos do FMI e esperam que o aumento da capacidade de produção alimentar interna minimize os preços no consumidor”, refere a instituição financeira internacional.

O documento foi elaborado por uma equipa do FMI na sequência de discussões com as autoridades angolanas sobre a evolução económica e política do país, entre 04 e 17 de dezembro.

No relatório, o FMI destaca que acelerar o crescimento a médio prazo exige diversificação económica, maior contribuição do setor privado e reforço das almofadas orçamentais, defendendo que a execução do Plano Nacional de Desenvolvimento 2023-27 beneficiaria muito se se centrasse em políticas favoráveis ao mercado.

“Os riscos decorrentes das medidas de substituição das importações devem ser cuidadosamente avaliados para evitar pressões inflacionistas e distorções no acesso aos fatores de produção essenciais”, reforça.

Por outro lado, a atração de investimentos privados nacionais e estrangeiros exige que se resolvam as vulnerabilidades em matéria de governação, se simplifique a regulamentação das empresas, se alargue a inclusão financeira e se resolvam os problemas de registo de propriedade.

RCR // ANP

Lusa/fim

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