Conflito em RDCongo suspende exploração da terceira maior mina de estanho do mundo

Goma, (Lusa) – O conflito em curso no leste da República Democrática do Congo (RDCongo) obrigou o grupo mineiro Alphamin a suspender a extração de estanho na terceira maior mina do mundo em termos de produção, em Bisie.

O conflito em RDCongo suspendeu a exploração da mina de cassiterite (minério de estanho) de Bisie produziu 17.300 toneladas de concentrado de estanho em 2024, cerca de 6% da oferta mundial de minério de estanho, segundo a Associação Internacional do Estanho (ITA).

Desde o anúncio, na quinta-feira, da suspensão das atividades mineiras em Bisie, os preços do estanho subiram quase 10% no London Commodities Market (LME), atingindo hoje o preço mais elevado desde agosto de 2022, nos 36,315 dólares por tonelada,

Durante o conflito, o grupo armado M23, que voltou a pegar em armas em 2021, apoiado por tropas ruandesas, segundo especialistas da ONU, conquistou as duas principais cidades da região leste da RDCongo, Goma e Bukavu, numa ofensiva relâmpago contra o exercito do país, nos últimos dois meses.

A Alphamin tomou na quinta-feira “a difícil decisão de suspender temporariamente as operações na sua mina de estanho de Bisie (…) na província de Kivu do Norte”, devido ao “recente avanço de grupos insurgentes em direção” ao local, declarou a empresa sediada nas Maurícias num comunicado.

O leste da RDCongo – e mais particularmente as províncias de Kivu do Norte e Kivu do Sul – tem sido devastado durante três décadas por vários conflitos.

Nas últimas semanas, o M23 fez progressos no território de Masisi, a noroeste de Goma, e está atualmente a cerca de 110 km da capital da província, de acordo com os correspondentes da agência francesa AFP. Por outras palavras, a cerca de cem quilómetros em linha reta da mina.

Segundo o gabinete geológico nacional francês BRGM, o teor médio de estanho do depósito de Mpama-Norte, um dos dois depósitos de Bisie, foi considerado um dos mais rico do mundo em 2022.

Em maio de 2024, a Alphamin anunciou que um segundo depósito, Mpama-South, entraria em funcionamento em Bisie.

“A segurança dos trabalhadores e dos subcontratantes da empresa é a sua principal prioridade e não pode ser garantida atualmente. Todo o pessoal implicado nas atividades de extração está a ser evacuado”, refere a Alphamin.

Apenas os trabalhadores essenciais para a manutenção, conservação e segurança do local ali permanecerão, acrescenta, indicando que está “a acompanhar de perto a evolução da situação, a fim de poder trazer o seu pessoal de volta ao local da mina e retomar as operações quando considerar que é seguro fazê-lo”.

De acordo com o Serviço Geológico dos Estados Unidos (USGS), a RDCongo produziu 25.000 toneladas de minério de estanho em 2024, o que representa cerca de 8,3% da produção mundial de cerca de 300.000 toneladas.

O estanho é utilizado principalmente para soldar componentes eletrónicos em circuitos impressos, e a expansão dos setores da eletrónica e das energias renováveis está a alimentar uma procura crescente, segundo os analistas.

Desde 2021, o movimento M23 apoderou-se de vastas extensões de território nas províncias mineiras do Kivu Norte e do Kivu Sul, igualmente ricas em coltan, minério do qual é extraído o tântalo, essencial para o fabrico de equipamentos eletrónicos modernos.

Em abril de 2024, assumiu o controlo da mina de Rubaya, no Kivu do Norte, a maior mina de coltan da RDCongo.

Alphamin disse que se sentia “encorajado” pelo recente anúncio de Angola, mediador do conflito, de que as conversações diretas entre o Governo de Kinshasa e o M23 teriam início em Luanda a 18 de março.

O Presidente da RDCongo, Félix Tshisekedi, recusou até agora repetidamente quaisquer conversações diretas com o grupo armado, que descreveu em várias ocasiões como “terrorista”.

O M23 declarou-se favorável a estas “negociações diretas”, mas manifestou algumas reservas, exigindo nomeadamente que Tshisekedi “exprima publicamente e sem ambiguidades o seu empenhamento” nas discussões.

MAV // ANP

Lusa/Fim

Compartilhe:

Venâncio Mondlane considera rejeição de entrada em Angola “vergonha pública”
Barrar convidados internacionais é “inadmissível” e mancha imagem de Angola

Destaques

Deixe um comentário

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *

Fill out this field
Fill out this field
Por favor insira um endereço de email válido.
You need to agree with the terms to proceed