WASHINGTON (Reuters) – Os norte-americanos elegeram Donald Trump como presidente na expectativa de que ele combatesse a inflação e impulsionasse a economia dos Estados Unidos, mas à medida que ele se aproxima de seu 100º dia no cargo, os eleitores norte-americanos estão atribuindo notas baixas ao republicano por sua maneira de lidar com ambos, segundo uma nova pesquisa Reuters/Ipsos.
Trump iniciou seu mandato com uma agenda econômica agressiva, provocando guerras comerciais ao impor tarifas sobre parceiros dos EUA, pressionando o Federal Reserve a se curvar à sua vontade e desencadeando as piores perdas nos mercados desde os primeiros meses da pandemia da Covid-19 há cinco anos, o que causou certa desaprovação por parte dos norte-americanos.
Apenas 37% dos entrevistados na pesquisa de seis dias, concluída na segunda-feira, disseram aprovar a maneira como Trump está gerindo a economia, abaixo dos 42% registrados nas horas seguintes à sua posse em 20 de janeiro, quando ele prometeu turbinar a economia e criar uma “Era de Ouro da América”.
A leitura está bem abaixo do que em qualquer momento de seu primeiro mandato, quando variou de pouco mais de 40% a pouco acima de 50%.
“Temos um presidente que prometeu uma era de ouro”, disse James Pethokoukis, membro sênior do American Enterprise Institute, um think tank conservador. “Mas tudo o que deveria estar em alta está em baixa, tudo o que deveria estar em baixa está em alta.”
Pethokoukis disse que os sinais de alerta econômico pressionam Trump a reverter o curso das tarifas, mas que, mesmo que Trump ceda, a economia pode não se recuperar rapidamente em meio ao caos.
Em uma pesquisa Reuters/Ipsos realizada logo após a posse de Trump, cerca de 55% dos entrevistados disseram que a inflação ou a economia em geral deveriam ser o foco principal de Trump em seus primeiros 100 dias no cargo, que vão até 30 de abril. Cerca de 23% escolheram a imigração.
Três meses depois, 76% dos entrevistados na mais recente pesquisa Reuters/Ipsos disseram que temem a chegada de uma recessão. Cerca de 56% dos entrevistados, incluindo um em cada quatro republicanos, disseram que as medidas de Trump para movimentar a economia são “muito erráticas”
Dois terços dos entrevistados estão preocupados com o mercado de ações, onde os preços têm recuado acentuadamente nas últimas semanas em meio às preocupações dos investidores com os planos de Trump de aumentar as tarifas sobre produtos importados e sua insinuação de que poderia demitir o chair do Fed, Jerome Powell.
Cinquenta e dois por cento dos entrevistados disseram concordar com a afirmação de que “as ações de Trump poderiam tornar mais difícil para mim viver confortavelmente quando me aposentar”, superando em número os 31% que discordaram da afirmação.
Na segunda-feira, Trump alertou que a economia pode desacelerar se o Fed não reduzir a taxa de juros, dizendo que o país está em um caminho em que “quase não pode haver inflação”.
Mas Powell, assim como economistas de Wall Street, tem dito que as medidas de Trump para aumentar tarifas – incluindo uma nova alíquota de 145% sobre a maioria das importações vindas da China – poderiam elevar a inflação, pelo menos no curto prazo, e possivelmente por mais tempo.
O índice de aprovação geral de Trump – 42% – continua mais alto do que o de seu antecessor Joe Biden durante boa parte de seu mandato, e tem sido impulsionado por uma parcela um pouco maior de norte-americanos – 45% – que apoiam as ações agressivas de Trump em relação à imigração.
O partido do presidente também continua a apoiá-lo firmemente, com 81% dos republicanos aprovando a administração econômica de Trump, em comparação com 5% dos democratas e 28% de eleitores independentes.
Muitos norte-americanos simpatizam com a opinião de Trump de que os EUA não estão sendo bem-sucedidos nos assuntos globais em geral, inclusive no comércio e na defesa. Cerca de 48% dos entrevistados concordaram com a afirmação de que “a maioria dos outros países, inclusive os aliados tradicionais, tiram vantagem dos EUA”, com 34% discordando.
Mas até mesmo um em cada três republicanos disse que seu custo de vida está no caminho errado, de acordo com a pesquisa, que entrevistou 4.306 adultos norte-americanos em todo o país entre 16 e 21 de abril. A pesquisa tem uma margem de erro de cerca de 2 pontos percentuais.
Por Jason Lange
Reuters