FMI baixa crescimento de África para 3,9% este ano

Washington, (Lusa) – O Fundo Monetário Internacional (FMI) reviu em baixa a previsão de crescimento em África em três décimas, para 3,9% este ano, devido às “alterações repentinas nas perspetivas mundiais”, que interromperam a dinâmica de crescimento.

“Embora o crescimento em África dê mostras de alguma resiliência face a múltiplos choques, as alterações repentinas nas perspetivas mundiais interromperam a dinâmica de crescimento”, lê-se numa declaração divulgada no final da reunião entre a diretora-geral do FMI, Kristalina Georgieva, e o Grupo de Governadores Africanos, liderado pelo ministro das Finanças e Orçamento da República Centro-Africana, Hervé Ndoba.

“As ações de política resolutas adotadas para baixar a inflação, estabilizar a dívida pública e reduzir os desequilíbrios externos arriscam-se a ser anuladas por choques futuros”, afirmam, acrescentando que “os riscos para as perspetivas são elevados, num contexto de grande incerteza” em que os “os Estados frágeis e afetados por conflitos enfrentam desafios particularmente graves”.

Na nota, a líder do FMI e o representante dos 12 países africanos dizem estar “resolutos na sua determinação em assegurar a estabilidade macroeconómica e financeira e, ao mesmo tempo, cumprir os objetivos de desenvolvimento económico”. Por outro lado, defendem que “os esforços de reforma a nível interno devem promover a sustentabilidade orçamental, especialmente através da mobilização de receita interna e da melhoria da eficiência da despesa”.

Salientando a “necessidade de financiamento externo adequado e a preços acessíveis”, a declaração conjunta vinca ainda que a “prestação de apoio contínuo é também essencial para iniciativas globais como o Enquadramento Comum do G20 e a Mesa-Redonda Mundial sobre a Dívida Soberana, para assegurar que, se necessário, os países têm acesso a processos de reestruturação da dívida atempados, fiáveis e previsíveis”.

Num contexto em que os países africanos aumentaram os níveis de endividamento na sequência da pandemia de covid-19 e da invasão da Ucrânia pela Rússia, os governadores africanos e a diretora-geral do FMI dizem aguardar “com expectativa a revisão do quadro de sustentabilidade da dívida para os países de baixo rendimento” e concluem que “a avaliação do desenho e condicionalidade dos programas [de assistência financeira] deverá também assegurar que os programas apoiados pelo FMI são bem concebidos para combater os desequilíbrios macroeconómicos, promovendo ao mesmo tempo o crescimento e a redução da pobreza”.

O Grupo Consultivo Africano é composto pelos governadores do FMI provenientes de um subconjunto de 12 países africanos que pertencem ao Grupo de Governadores Africanos (ministros das Finanças e governadores de bancos centrais de África), bem como por membros da direção do FMI, e foi criado em 2007 para reforçar o diálogo sobre políticas do FMI com o Grupo de Governadores Africanos.

Na terça-feira, o FMI reviu em baixa as suas previsões para o crescimento da economia mundial, para 2,8% este ano, face aos 3,3% que apontou em janeiro, e para 2026 o FMI estima um crescimento de 3%, inferior aos 3,3% que também projetava em janeiro.

“A rápida escalada das tensões comerciais e os níveis extremamente elevados de incerteza política deverão ter um impacto significativo na atividade económica mundial”, argumenta o FMI no relatório sobre as Perspetivas Económicas Mundiais, divulgado no âmbito dos Encontros Anuais do Banco Mundial e do FMI, que decorrem esta semana em Washington.

MBA // JMC

Lusa/Fim

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