Abu Dhabi, (Lusa) – Uma coligação de filantropos anunciou, hoje, em Abu Dhabi a criação de um fundo, denominado de Beginnings Fund, para a saúde materna e neonatal na África subsaariana, num contexto de cortes financeiros drásticos na ajuda internacional.
Com o objetivo inicial de atingir 500 milhões de dólares (439,30 milhões de euros) até ao final de 2030, a coligação de filantropos responsáveis pelo fundo anunciaram que 90% desse valor já está garantindo.
Segundo a comunicação conjunta dos filantropos, cerca de 450 milhões de dólares (395,59 milhões de euros) já foram disponibilizados pelas fundações que estão por detrás desta iniciativa – incluindo a Fundação Gates e a do Presidente dos Emirados Árabes Unidos (EAU), Mohammed ben Zayed al-Nahyane.
O fundo, que tem como objetivo evitar mais de 300.000 mortes e melhorar o acesso a cuidados de qualidade para 34 milhões de mães e bebés até 2030, reservou mais 100 milhões de dólares (87,92 milhões de euros) para “financiamento direto de iniciativas” que promovam a sua missão.
Num contexto de redução drástica da ajuda internacional, os responsáveis do Beginnings Fund afirmaram que querem colocar “a tónica na sustentabilidade e na apropriação local”, prometendo trabalhar principalmente com governos africanos e organizações nacionais.
“Penso que este é um momento muito crítico”, disse à agência de notícias France-Presse (AFP) Tala Al Ramahi, porta-voz da Fundação para a Humanidade do Presidente dos EAU, acrescentando que “a filantropia não pode preencher as lacunas que os cortes na ajuda deixaram para trás”, sublinhou.
Durante os próximos cinco anos, o fundo estabelecerá parcerias com um máximo de 10 países – Etiópia, Gana, Quénia, Maláui, Lesoto, Nigéria, Ruanda, Tanzânia, Uganda e Zimbabué.
Os fundos angariados serão utilizados para efetuar investimentos específicos em produtos, pessoas e sistemas destinados a melhorar a sobrevivência materna e neonatal em hospitais, centros de saúde e redes especializadas, onde ocorre a maioria das mortes maternas e neonatais, a maior parte das quais são evitáveis.
As mortes neonatais no primeiro mês de vida são a principal causa de mortalidade na África subsaariana, onde também ocorrem 70% das mortes maternas, segundo o Beginnings Fund.
Estima-se também que cerca de 182.000 mulheres e 1,2 milhões de recém-nascidos morrem todos os anos de causas evitáveis, além de 950.000 mortes à nascença.
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