Londres, (Lusa) – Portugal precisa de maior representatividade de afrodescendentes na política para refletir a sociedade multicultural do país, defendeu hoje o ativista antirracismo e coordenador nacional do movimento Black Europeans, Miguel Cardoso.
“Eu acho que Portugal tem um problema muito grave de representatividade, apesar de todos os laços culturais históricos com países africanos de língua oficial portuguesa”, afirmou à Agência Lusa, à margem da Cimeira das Minorias da UE, em Londres sobre afrodescendentes em Portugal.
Cardoso aplaudiu a inclusão de Eva Cruzeiro, cujos pais são angolanos, na lista eleitoral do Partido Socialista pelo círculo de Lisboa, mas lamentou que não seja mais comum.
“Sempre entendi a falta de representatividade como uma forma de racismo estrutural. E acho que é importante haver organizações que realmente façam a representação daquilo que é a realidade da sociedade portuguesa” defendeu.
O movimento Black Europeans foi criado no Reino Unido como resultado das barreiras que afrodescendentes sentiram para se inscreverem no Sistema de Registo de cidadãos da União Europeia [EU Settlement Scheme, EUSS] para obter o estatuto de residente após o ‘Brexit’, explicou hoje o fundador, Aké Achi.
Posteriormente, o grupo continuou a trabalhar com a União Europeia (UE) para sensibilizar as instituições e defender uma maior representação dos cidadãos europeus negros e de origens étnicas minoritárias a nível político e institucional.
Além do Reino Unido e Portugal, está presente em França, Itália e Espanha.
No evento de hoje organizado na Universidade de Westminster, em Londres, juntaram-se algumas dezenas de ativistas e políticos, como a ‘Mayor’ de Newham, Rokshana Fiaz, e a eurodeputada sueca, Alice Bah Kuhnke.
O encontro pretende “juntar várias vozes da diáspora, várias comunidades, líderes políticos para, através dos ‘workshops’ que estamos a fazer, elaborar soluções, criar um plano e continuar a trabalhar juntos”, afirmou Irina do Carmo, uma das organizadoras.
Esta sindicalista e ativista de origem angolana, residente em Londres, refere que o movimento Black Europeans funciona como um grupo de pressão para tentar que candidatos políticos na Europa representem as suas causas.
“O Reino Unido saiu da União Europeia. Nós não saímos nem do Reino Unido, nem da União Europeia. Então, queremos continuar a contribuir para o diálogo”, enfatizou.
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