A 17 de setembro, Angola celebra o Dia do Herói Nacional, uma data que nos convida a refletir sobre o percurso e o legado de um dos maiores líderes da história de Angola: António Agostinho Neto. Primeiro Presidente da República Popular de Angola, poeta, médico e combatente incansável pela libertação do seu povo, Agostinho Neto foi, e continua a ser, um símbolo de coragem, de liderança e de amor à pátria.
Nascido a 17 de Setembro de 1922, na pequena aldeia de Kaxicane, em Icolo e Bengo, Neto cresceu numa Angola sob o jugo colonial português, onde a discriminação e a exploração eram uma realidade constante. Desde jovem que Agostinho Neto demonstrou um profundo sentido de justiça e de compromisso com a emancipação do seu povo. A sua carreira começou no campo da medicina, mas rapidamente se estendeu para a arena política, onde ele lutaria, com palavras e armas, para libertar Angola das garras do colonialismo.
O compromisso de Neto com a causa da libertação nacional foi cimentado quando, em 1951, ingressou na Universidade de Coimbra, em Portugal, para estudar Medicina. Aí, envolveu-se activamente no movimento anticolonial, ao lado de outros estudantes africanos que partilhavam a mesma visão de um continente livre da opressão europeia. Mesmo sendo perseguido pela PIDE, a polícia secreta do regime salazarista, Neto manteve a sua inabalável determinação em lutar pelo seu povo. Os seus poemas e discursos eram uma voz para os angolanos que viviam sob as sombras da colonização, clamando por liberdade e dignidade.
Em 1960, Agostinho Neto foi preso pelas autoridades portuguesas devido à sua intensa actividade política, mas isso não silenciou a sua voz. Pelo contrário, a sua prisão serviu de catalisador, inflamando ainda mais o espírito de resistência entre os angolanos. No meio deste período turbulento, Neto surgiu como líder do Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA), uma organização que viria a desempenhar um papel crucial na guerra pela independência do país. Durante anos de luta árdua, liderou as forças do MPLA com uma visão clara: uma Angola unida, livre do colonialismo e capaz de traçar o seu próprio caminho no mundo.
A 11 de novembro de 1975, Agostinho Neto proclamou a independência de Angola, tornando-se o primeiro presidente do país. Este marco não foi apenas uma vitória pessoal para si, mas uma conquista monumental para todos os angolanos que sonharam com um futuro livre. Enquanto presidente, Neto trabalhou incansavelmente para reconstruir uma nação devastada pela guerra e dividida por anos de opressão. A sua liderança, marcada por uma visão de justiça social, igualdade e autodeterminação, inspirou gerações de angolanos a lutar por uma sociedade mais justa e igualitária.
Para além do seu contributo político, Agostinho Neto deixou também um legado cultural inestimável. É amplamente reconhecido como um dos maiores poetas de Angola, cujos escritos captaram as dores e as esperanças do povo angolano. Os seus poemas, profundamente enraizados na luta pela libertação, falavam de sofrimento, resistência e, sobretudo, de esperança num futuro melhor. Obras como “Sagrada Esperança” tornaram-se não só um testemunho da opressão colonial, mas também um símbolo de resistência e de luta pela liberdade.
Ao comemorarmos o Dia do Herói Nacional, é imperativo reconhecer que Agostinho Neto não foi apenas o libertador de Angola, mas também um fervoroso defensor da unidade africana. Acreditava que a liberdade de Angola estava intrinsecamente ligada à libertação de toda a África. Esta visão levou-o a colaborar com líderes revolucionários de outros países africanos, lutando em conjunto contra o colonialismo e o imperialismo que assolavam o continente. A sua solidariedade com as outras nações africanas simboliza a sua crença no poder da unidade e na luta conjunta pela emancipação de todos os povos africanos.
Infelizmente, o sonho de Neto de ver uma Angola completamente pacífica e próspera foi interrompido prematuramente com a sua morte a 10 de Setembro de 1979, em Moscovo. No entanto, o seu legado vive, não só nas estruturas políticas e sociais que ajudou a construir, mas também no coração de cada angolano que se orgulha da sua independência. Agostinho Neto continua a ser o farol que guia Angola na sua caminhada para a paz, a prosperidade e a unidade nacional.
Hoje, ao celebrarmos o Dia do Herói Nacional, devemos não só recordar Agostinho Neto como o líder que proclamou a independência de Angola, mas também como o homem que dedicou a sua vida ao bem-estar do seu povo. A sua luta não foi em vão. O sacrifício de Neto e de muitos outros heróis da libertação abriu caminho a uma Angola livre e soberana. Cabe-nos a nós, as gerações presentes e futuras, honrar este legado, continuando a lutar por uma Angola mais justa, igualitária e próspera.
Viva Agostinho Neto! Viva o Herói Nacional! Viva Angola!