Comecemos com um pouco de estatísticas para situar a conversa, somos 36 milhões de angolanos, 51% mulheres. Olhemos para a alfabetização, apenas 66% dos angolanos são alfabetizados, comparados com 95% na África do Sul, 91,5% na Namíbia e 81,4% na Argélia, para ficarmos nestas comparações.
Agora vamos deixar a nomenclatura impessoal, as mulheres… Vamos tratá-las pelo quem elas realmente são. Essas mulheres são as nossas avós, nossas mães, esposas, filhas, são o sal da terra angolana.
Vamos olhar para o problema de uma maneira menos estatística, que apenas revela a situação insuportável da nossa realidade e vamos prestar atenção ao significado dessa verdadeira tragédia para nosso país.
Quando há uma diferença muito grande na alfabetização entre homens e mulheres, isso fatalmente nos leva às várias consequências negativas.
Essas disparidades resultam em desigualdades de oportunidades educacionais, econômicas e sociais entre os gêneros.
Nossas mulheres enfrentam restrições no acesso à educação limitando suas perspectivas de emprego e independência financeira.
Além disso, a falta de alfabetização entre mulheres, afeta negativamente sua participação na vida publica, na tomada de decisões e no exercício de seus direitos, reforçando assim as desigualdades de gênero na sociedade.
Reduzir a disparidade entre homens e mulheres
A quem interessa termos mais da metade da nossa população, sim as mulheres são mais da metade de nós, apartadas do conhecimento e assim sem dar a poderosa contribuição vital para a construção de uma Angola forte e justa?
De verdade não interessa a ninguém! Nossa situação catastrófica é resultado da estupidez e da falta de visão estratégica das dezenas de pessoas encarregadas desta questão há tantos anos. Com afinco, produziram o desastre atual.
Então, reduzir essa disparidade é fundamental para promover a igualdade de gênero e empoderar as mulheres, garantindo que elas possam participar plenamente no desenvolvimento econômico e social de suas comunidades. Angola precisa de todos!
Estabelecer metas para a educação de todos, com ênfase na diminuição da disparidade homens e mulheres, não pode ser apenas, burocraticamente, mais um programa de governo.
Encarar a verdade e agir
É importante também desmistificar a farsa da promoção das mulheres por apenas serem “mulheres” num exercício de cosmética enganadora, promovendo-as com base no critério único de pertencerem ao género feminino aos mais diversos cargos (Vice Presidentes, Ministras de Estado, Ministras, Directoras, etc) como estratagema para ocultar a disfunção base do problema que é, a desigualdade no acesso ao conhecimento.
É urgente eliminar todas as circunstâncias preconceituosas desta questão com políticas públicas que estão ao alcance de um governo com reais compromissos em resolver os problemas da nação. Outros países, como vimos acima, enfrentaram grandes questões e alguns tem uma história parecida com a nossa para se afirmarem como nações soberanas. Mas não deixaram no escaninho de algum ministério a questão da educação de todos e em especial das mulheres.
Não há mais tempo a perder, temos que, urgentemente, agarrar o problema com todas as nossas forças e com um empenho a altura do desafio.