Analista defende autonomia financeira dos Estados africanos

Luanda – O economista angolano Osvaldo Funa defendeu, este domingo, em Luanda, o reforço das relações entre os Estados africanos para a integração económica, industrialização e mobilização de recursos internos dos países.

Em declarações à ANGOP, a propósito da recente assumpção da presidência da União Africana (UA) pelo Chefe de Estado angolano, João Lourenço, por um período de um ano, considerou que os Estados africanos devem criar condições para fazer frente aos diferentes problemas que afectam esse território, sem depender de ajudas externas.

Adiantou ser fundamentar impulsionar o comércio intra-africano, utilizando plenamente a zona de comércio livre, para facilitar os negócios dentro do próprio continente.

De igual modo, considerou essencial a industrialização para que os africanos deixem de exportar apenas matérias-primas e passem a produzir bens de valor agregados.

“É necessário mobilizar recursos internos por meio de reformas fiscais, combate à corrupção, incentivos ao investimento local, garantindo que os próprios países financiem seu desenvolvimento”, frisou.

Conforme o especialista, existem várias políticas que podem transformar a realidade económica do continente, algumas das quais inseridas no fomento à industrialização, que permite os recursos naturais de África serem processados internamente, agregando valor e criando empregos qualificados.

Referiu que a integração económica facilita o comércio entre os Estados africanos e reduz barreiras tarifárias para o desenvolvimento do mercado interno.

Por outro lado, Osvaldo Funa defendeu maior aposta na construção de infra-estruturas como estradas, vias ferroviárias e portos, bem como em projectos para o acesso à energia e águas, que constituem factores essenciais para aumentar a produtividade e atrair investimentos.

Apontou ainda as reformas fiscais e o combate à corrupção, para garantir uma arrecadação eficiente e uso mais transparente dos recursos públicos, como sendo indispensáveis para o desenvolvimento.

Na sua opinião, observados os pressupostos, “África pode alcançar um crescimento económico sustentável e mais independente”.

Relatório BAD

Segundo um relatório do Banco Africano de Desenvolvimento (BAD), a taxa de crescimento esperado, em 2025, em quase metade dos países africanos está acima de 5%.

O desempenho económico de África está a mostrar sinais de melhoria, mas continua vulnerável a choques globais, conforme o relatório sobre o Desempenho e Perspetivas Macroeconómicas Africanas (MEO) de 2025, publicado pelo BAD.

O relatório divulgado, recentemente, à margem da 38.ª Sessão Ordinária da Assembleia da União Africana, em Adis Abeba, prevê que o crescimento real do PIB acelere para 4,1% em 2025 e 4,4% em 2026.

A previsão é atribuída às reformas económicas, à descida da inflação e à melhoria das posições orçamentais e da dívida.

Apesar da trajectória positiva, o documento sublinha que o crescimento de África continua abaixo do limiar de 7% necessário para uma redução substancial da pobreza.

A taxa média de inflação no continente deverá diminuir, de 18,6% em 2024, para 12,6% em 2025 e 2026, devido a políticas monetárias mais rigorosas.

Os défices orçamentais aumentaram ligeiramente, de 4,4% do PIB em 2023, para 4,6% em 2024, mas prevê-se que diminuam para 4,1% em 2025 e 2026.

Os níveis de dívida pública estabilizaram, mas permanecem acima dos níveis pré-pandémicos, com nove países em sobre endividamento e onze em alto risco de sobre endividamento.

O relatório de 2025 identifica 24 nações africanas, incluindo o Djibuti, Níger, Rwanda, Senegal e o Sudão do Sul, como estando preparadas para ultrapassar um crescimento do PIB de 5% em 2025.

Além disso, África continua a ser a segunda região com o crescimento mais rápido do mundo, a seguir à Ásia, prevendo-se que 12 das 20 economias com o crescimento mais rápido se situem no continente.

O Estadista angolano foi confirmado Presidente da União Africana na 38ª Conferência Ordinária dos Chefes de Estado e de Governo desta instituição, realizada em Adis Abeba, Etiópia, nos dias 15 e 16 de Fevereiro último.

Lançada, oficialmente, em 2002, como sucessora da Organização da Unidade Africana (OUA), a União Africana (UA) é constituída pelos 55 países do continente e tem a sua sede em Adis Abeba, capital da Etiópia.

ANGOP

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