Angola assume presidência da União Africana

Addis Abeba (Dos enviados especiais) – Angola assume, desde este sábado, a presidência da União Africana (UA) até Fevereiro do próximo ano, período em que vai lidar com dossiers complexos, como os graves conflitos armados no Sudão e na RDC.

O acto da União Africana que marcou o início do mandato registou-se, em Addis Abeba, com a passagem de testemunho do anterior líder da organização, o Presidente mauritano, Mohamed Ould Ghazouani, para a presidência do presidente de angola, João Lourenço.

O momento histórico ocorreu na sala de plenárias Nelson Mandela, na abertura da 38.ª Sessão Ordinária da Cimeira dos Chefes de Estado e de Governo da organização, que termina domingo, e que vai apreciar e adoptar as recomendações da reunião do Conselho Executivo da UA, realizada nos dias 12 e 13 deste mês.

O ritual da entrega do martelo, que simboliza a assumpção da presidência da União Africana, incluiu uma intervenção do presidente cessante da organização e o discurso de aceitação do novo líder, na presença de vários Chefes de Estado e de Governo africanos, do Secretário-Geral das Nações Unidas, António Guterres, e de outras entidades convidadas.

A presidência da União Africana do Chefe de Estado angolano é aguardada com expectativa e esperança na resolução ou mitigação dos principais problemas vividos pelo continente.

Durante a sua presidência, vai enfrentar inúmeros desafios, como a resolução do conflito entre o Rwanda e a RDC e a situação no Sudão, países cuja situação foi analisada na reunião do Conselho da Paz e Segurança da UA, do final do dia da última sexta-feira.

Na sexta-feira, depois de uma audiência que o estadista angolano lhe concedeu, o presidente da Comissão da União Africana, Mousa Faki, disse à imprensa angolana que Angola vai jogar um papel importante na resolução dos conflitos em África, particularmente entre o Rwanda e a RDC.

“Angola já tem jogado esse papel no âmbito do Processo de Luanda e, nós, estamos confiantes que poderá, de facto, realizar um trabalho excelente, uma vez que, na sua qualidade de Campeão para a Paz e Reconciliação em África, tem já esse dossier à sua mesa, e pensamos que durante a sua presidência não será o contrário”, manifestou.

O diplomata tchadiano ressaltou que está expectante num bom desempenho da presidência de Angola, embora seja a primeira vez, já que o país vem com uma experiência acumulada que poderá render a todo o continente africano.

No mesmo dia, o Presidente João Lourenço afirmou que só fará sentido a continuação dos esforços de pacificação no Leste da RDC se se verificar um engajamento sério das partes e coerência relativamente aos compromissos assumidos.

João Lourenço falava na reunião de alto nível do Conselho de Paz e Segurança (CPS) da UA, na qualidade de Presidente em Exercício da Conferência Internacional da Região dos Grandes Lagos (CIRGL), de Campeão da União Africana para a Paz e Reconciliação em África e de medianeiro para o Processo de Paz no Leste da RDC.

Disse que se assim não for, estar-se-á a perder tempo e energias com as acções que se vêm empreendendo para restituir a paz a “este país irmão agredido”.

Na reunião, João Lourenço prestou uma informação compactada sobre as actividades que desenvolveu desde Fevereiro de 2024 até à data presente, no quadro missões mandatadas pela UA.

Na reunião, presenciada pelo Chefe de Estado da Guiné Equatorial, Teodoro Obiang Nguema, e pelo Secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, João Lourenço prestou uma informação compactada sobre as actividades que desenvolveu desde Fevereiro de 2024 até à data presente, no quadro das missões mandatadas pela UA.

Neste sentido, referiu que desde a data da assumpção dessas responsabilidades procurou, sempre, levar a efeito uma série de acções que favorecessem a concretização do mandato conferido pela UA, com a firme intenção de se construírem soluções africanas para os problemas africanos e alcançar-se o grande objectivo que consiste no silenciar das armas no continente.

“Coloquei todo o meu empenho na identificação dos principais problemas que afectam a paz e a segurança em África e realizei esforços permanentes no sentido de contribuir para a resolução dos conflitos que prevalecem no nosso continente, com especial destaque para o que se desenrola no Leste da República Democrática do Congo”, sublinhou.

No decurso da reunião do CPS, João Lourenço manteve um encontro em privado com o Presidente do Rwanda, Paul Kagame, que entrou tarde na sala do encontro e saiu cedo dela. O conflito no Leste da RDC, onde as forças do M 23 apoiadas por forças rwandesas ocuparam a cidade de Goma, no Kivu-Norte, foi o tema da conversa.

Durante a reunião, o Chefe de Estado angolano, também, apelou à mobilização coordenada dos Estados membros da União Africana para intensificarem as diligências junto das Nações Unidas e dos parceiros internacionais na busca da paz no Sudão, onde mais de 15 milhões de pessoas precisam de ajuda humanitária urgente.

O presidente da União Africana é seleccionado pela Conferência de Chefes de Estado e de Governo da organização, após consultas por parte dos Estados-membros, para um cargo exercido por um período de um ano por um Chefe de Estado ou de Governo.

Historial das presidências da UA

A União Africana (UA), composta por 55 membros, foi criada a nove de Julho de 2002, em Durban, África do Sul, em substituição da Organização de Unidade Africana (OUA), fundada no dia 25 de Maio de 1963, em Addis Abeba, Etiópia.

João Lourenço é o 23º presidente da União Africana desde a criação da Organização.

Fevereiro de 2024 a Fevereiro de 2025 – Mohamed Ould Cheikh AI-Ghazouani, Mauritânia

Fevereiro de 2023 a Fevereiro de 2024 – Azali Assoumani, União das Comores

Fevereiro de 2022 a Fevereiro de 2023 – Macky Sall, Senegal

Fevereiro de 2021 a Fevereiro de 2022 – Felix Antoine Tshisekedi, RDC

Fevereiro de 2020 a Fevereiro de 2021 – Cyril Ramaphosa, África do Sul

Fevereiro de 2019 a Fevereiro de 2020 – Abdel Fattah el-Sisi, Egipto

Janeiro de 2018 a Fevereiro de 2019 – Paul Kagame, Rwanda

Janeiro de 2017 a Janeiro de 2018 – Alpha Conde, Guiné

Janeiro de 2016 a Janeiro de 2017 – Idriss Déby, Tchad

Janeiro de 2015 a Janeiro de 2016 – Robert Mugabe, Zimbabwe

Janeiro de 2014 a Janeiro de 2015 – Mohamed Ould Abdel Aziz, Mauritânia

Janeiro de 2013 a Janeiro de 2014 – Hailemariam Dessalegn, Etiópia

Janeiro de 2012 a Janeiro de 2013 – Thomas Yayi Boni, Benin

Janeiro de 2011 a Janeiro de 2012 – Teodoro Obiang Nguema Mbasogo, Guiné Equatorial

Janeiro de 2010 a Janeiro de 2011 – Bingu wa Mutharika, Malawi

Fevereiro de 2009 a Janeiro de 2010 – Muammar Kadhafi, Líbia

Janeiro de 2008 a Janeiro de 2009 – Jakaya Mrisho Kikwete, Tanzânia

Janeiro de 2007 a Janeiro de 2008 – John Kufuor, Ghana

Janeiro de 2006 a Janeiro de 2007 – Dénis Sassou N’Guesso, Congo

Julho de 2004 a Dezembro de 2005 – Olusegun Obasanjo, Nigéria

Julho de 2003 a Julho de 2004 – Joaquim Alberto Chissano, Moçambique

Julho de 2002 a Julho de 2003 – Thabo Mbeki, África do Sul.

ANGOP

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