Angola poderá necessitar de Orçamento rectificativo – economista

Luanda, (Lusa) – O diretor executivo do Standard Bank para Angola, Moçambique e República Democrática do Congo considera que a atual conjuntura económica internacional aconselha a um orçamento rectificativo em Angola, que deve ser feita cedo para avaliar o seu impacto.

Fáusio Mussa, que falava na terça-feira à noite na primeira edição do Briefing Económico SBA de 2025 subordinada ao tema “Angola, Crescimento para além do Petróleo”, referiu que o cenário de incerteza e volatilidade vai caracterizar grande parte deste ano, afetado essencialmente por um conjunto de políticas dos Estados Unidos da América (EUA) e o que pode levar ao país a necessitar de um orçamento rectificativo.

Segundo o responsável, as tarifas implementadas pelo Governo de Donald Trump têm gerado perturbações no mercado, apesar do Fundo Monetário Internacional (FMI) nas suas perspetivas para a evolução da economia global considerar que não haverá recessão.

“O FMI sugere que não se trata de um cenário de recessão, mas revê as previsões de crescimento económico para a economia global”, disse o mesmo responsável, acreditando que “após esse período inicial de tentativa de implementar taxas em um determinado volume, possa haver uma reflexão e uma correção, e que no final haja menos perturbação na economia mundial”, se referindo a necessidade de um orçamento rectificativo.

O economista sénior do Standard Bank realçou que as implicações para a África e para Angola, em particular, seriam, especialmente se a China, um grande parceiro económico do continente africano, que cresce a um ritmo mais lento, importasse menos matéria-prima dos países que dependem das exportações de ‘commodities’ para o país asiático.

“O primeiro impacto seria um menor volume de exportações, porque há uma demanda menor. O segundo impacto seria o preço. Sabemos que o Presidente Trump pretende que o preço do combustível seja ligeiramente menor do que está atualmente, ele está a incentivar o aumento da produção de petróleo”, vincou.

Para o caso concreto de Angola, um preço do petróleo inferior ao que foi projetado no Orçamento do Estado (70 dólares por barril), significa que “algum ajuste será necessário”.

“A nossa sugestão, do ponto de vista económico, seria que quanto mais cedo discutirmos o impacto dessa situação no Orçamento do Estado, e se chegarmos a uma conclusão sobre quais medidas são necessárias para evitar um défice fiscal, que depois gera pressões sobre a dívida pública, quanto mais cedo isso ocorrer, melhor”, declarou.

De acordo com Fáusio Mussa, uma retificação atempada “reduz a incerteza existente na economia”, e permite aos agentes económicos perspetivarem que tipo de mudanças poderão ocorrer, por causa da conjuntura internacional e do impacto na economia doméstica.

“Em terceiro, permite a Angola manter alguma disciplina fiscal a que nos habituou nos últimos anos, sobretudo em 2024. Nós vimos tanto a dívida doméstica como a externa a reduzir, resultado de um superávit primário fiscal. Era bom que essa disciplina se mantivesse, porque ajuda a reduzir o peso do serviço da dívida na receita total, ajuda a criar espaço fiscal para despesa de investimento em infraestruturas”, ajuntou.

O Standard Bank prevê para Angola, até ao final do ano, uma inflação em torno dos 25%, tendo em conta um novo ajuste aos preços dos combustíveis.

Fáusio Mussa salientou que a inflação em Angola é um fenómeno que reflete uma oferta muito insuficiente de moeda estrangeira, pressionando constantes mudanças.

A redução da inflação, segundo sugestão daquele responsável, passa, por exemplo, por maior incentivo à produção local, considerando que “o aumento da produção de bens e serviços locais é uma forma de ajudar a combater a inflação”, acima de 20% desde dezembro de 2023.

O Governo angolano prevê uma inflação de cerca de 17% até ao final de 2025.

NME // VM

Lusa/Fim

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