Angola teve 100 denúncias de crianças por feitiçaria em 2024

Luanda, (Lusa) – Uma criança foi torturada e mutilada, durante meses, em Luanda, por um pastor de uma igreja, por crença em feitiçaria, fenómeno que deu lugar em 2024 a mais de 100 denúncias, disse hoje à Lusa fonte oficial.

Segundo o responsável pelo Departamento de Prevenção de Violência e Proteção dos Direitos da Criança do Instituto Nacional da Criança (Inac), Bruno Pedro, no que diz respeito aos casos de crença em feitiçaria ou de violência contra as crianças, os números tendem a crescer em resultado do trabalho das autoridades para sensibilizar as pessoas sobre a necessidade de denúncia.

O Novo Jornal notificou na terça-feira que uma criança de nove anos foi entregue pela mãe a um pastor para retirar espíritos malignos, tendo sido submetida a várias sevícias, denunciadas pelo pai do menor às autoridades.

Bruno Pedro salientou que o serviço SOS–Criança do INAC vem facilitando as denúncias, que passaram a ser anónimas, sem requerer a presença das pessoas, como acontecia anteriormente.

O responsável salientou que o INAC tem feito pesquisas sobre crenças e práticas culturais que fomentam a violência contra crianças, concluindo que a falta de conhecimento sobre determinadas situações, como o autismo, leva as pessoas a cometerem esses atos.

“Muitas vezes as pessoas, quer por serem desinformadas, quer por não terem habilidade para lidar com essas situações, muito mais facilmente abandonam as crianças, acusam-nas de feitiçaria, porque desenvolveu alguma patologia ou tem um comportamento menos normal”, contou.

O responsável sublinhou que há a tendência de se atribuir a culpa de certas situações nas famílias às crianças, muitas vezes por pessoas ligadas a seitas religiosas, que conseguem convencer os seus familiares.

De acordo com Bruno Pedro, essas pessoas conseguem fazer os menos informados acreditar que qualquer “comportamento anormal” da criança, se deve ao facto de ser feiticeiro.

“Como consequência, as crianças são submetidas a certos rituais para serem libertas dos ditos espíritos maus, muitas vezes são abandonadas, são vítimas de violência, nos casos em que tudo isso não redunda em morte da criança”, frisou Bruno Pedro, admitindo que ainda há pessoas que não denunciam esses casos.

NME // ANP

Lusa/Fim

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