GENEBRA (Reuters) – Uma missão de apuração de fatos, com mandato das Nações Unidas, disse nesta segunda-feira que alguns dos ataques de Israel ao Irã podem ter violado lei de direito humanitário internacional, citando a morte de civis em um bloco de apartamentos e de três trabalhadores humanitários em Teerã.
A declaração sobre a violação de lei internacional se refere aos ataques aéreos iniciados por Israel contra o Irã em uma ofensiva surpresa em 13 de junho que matou muitos dos principais comandantes militares do país e intensificou os ataques desde então, provocando um êxodo da capital Teerã. Os Estados Unidos se juntaram a eles no domingo, atingindo as instalações nucleares subterrâneas do Irã.
“Entre os mortos em Teerã estavam dezenas de moradores de um complexo de apartamentos e três trabalhadores humanitários da Cruz Vermelha iraniana, enquanto os locais danificados incluíam uma clínica para crianças com autismo e um hospital em Kermanshah”, disse o órgão investigativo em um comunicado aos jornalistas, referindo-se aos ataques israelenses.
“Isso, e a relatada falta de aviso prévio eficaz por parte de Israel, que pode afetar a capacidade da população de alcançar a segurança, levantam sérias preocupações em relação aos princípios de proporcionalidade, distinção e precaução sob o direito internacional humanitário.”
A missão disse que, até o momento, milhões de pessoas fugiram da capital e que a falta de sistemas de alerta, abrigos adequados e restrições de internet aumentaram os perigos.
Depois que Israel atacou uma notória prisão para prisioneiros políticos nesta segunda-feira, os especialistas expressaram preocupação com os detentos mantidos perto dos locais dos bombardeios.
“Os especialistas pedem que as autoridades iranianas realoquem os prisioneiros para longe dos locais de risco dos ataques aéreos”, diz o comunicado.
Também expressaram preocupação com relatos de prisões arbitrárias por autoridades iranianas de ativistas, jornalistas e usuários de mídias sociais acusados de espionagem com Israel — um crime que é punível com a morte no Irã.
(Reportagem de Emma Farge)