Baixos rendimentos comprometem actividade de escultura no Soyo

Soyo – Os baixos rendimentos resultantes do exercício da actividade de escultura no município do Soyo, província do Zaire, está a provocar o abandono desta arte por parte de muitos profissionais locais.

Ouvidos esta quinta-feira pela ANGOP, alguns artesãos queixaram-se da pouca demanda no mercado local por peças de escultura, uma situação que alegam dever-se ao momento menos auspício do ponto de vista económico que o país vive.
José Pedro, 74 anos de idade, 55 dos quais como escultor, disse que muitos dos seus colegas abandonaram a profissão, enquanto a nova geração se recusa a abraçar essa actividade por exigir muito esforço e baixo lucro.

“Na minha oficina havia mais mestres e alguns aprendizes e só ficamos dois, porque os outros abandonaram e foram exercer outras actividades”, disse o ancião, para quem o pouco que ganha ajuda a prover o pão de cada dia para si e os seus netos.
Para inverter o quadro, o interlocutor sugeriu que a escultura seja inserida na agenda de eventos públicos para que os fazedores passem a expor as suas obras de arte, visando despertar a atenção dos clientes.

Encontrado a confeccionar mais uma peça de escultura na sua oficina, localizada na ribeirinha de um dos canais fluviais da baixa da cidade do Soyo, explicou que da pouca clientela o destaque recai para estrangeiros.

Disse que o preço de cada obra varia de 15 a 50 mil kwanzas, dependendo da natureza das peças que retratam mais animais selvagens, máscaras tradicionais e a figura do famoso “pensador”, frisando que para a sua confecção são precisos 15 ou 20 dias.

O escultor disse que a matéria-prima (troncos de árvores) é adquirida na comuna de Kinzau, município do Tomboco, assim como na localidade de Lumueno, periferia da cidade do Soyo, para quem o pau-preto e pau-ferro são os mais adequados para a escultura.

Estêvão Joana, escultor de 40 anos de idade, 25 dos quais ligados à profissão, queixou-se também da pouca clientela, para quem o período anterior à pandemia da Covid-19 foi o mais favorável na venda das suas obras.

Apesar disso, garante que vai continuar a exercer a sua actividade, a única que sabe fazer e que garante o sustento da sua família.

O escultor, cuja oficina também se encontra nas margens de um dos canais fluviais na baixa da cidade do Soyo, explicou que essa zona é a que mais atrai os poucos clientes que se interessam por obras de arte, com destaque para estrangeiros de nacionalidade chinesa.

Corroborou, também, com a ideia de que os artesãos locais, sobretudo escultores, deveriam merecer espaços para a exposição das suas obras em eventos públicos que têm sido realizados por alguns promotores na circunscrição, de modo a facilitar a comercialização dos seus produtos.

ANGOP

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