Luanda – O bispo da Igreja Metodista Unida de Angola, Gaspar João Domingos, condenou, neste domingo, em Luanda, a acção da Conferência Geral dos Estados Unidos da América, atinente à
retirada da linguagem do homossexualismo do livro de disciplina da referida congregação.
O reverendo recordou que a Conferência Geral Metodista Unida, nos EUA, votou pela remoção de uma proibição, de décadas, de ordenação de pastores em relações românticas entre pessoas do mesmo sexo, depois de milhares de congregações conservadoras terem deixado a denominação nos últimos anos.
Na Conferência Geral da Comunidade Metodista Unida, os delegados aprovaram, sem debate, uma medida que remove a linguagem do Livro da Disciplina como parte de um calendário de consentimento mais amplo.
Desde 1984, o Livro de Disciplina da UMC proibiu a ordenação de “homossexuais praticantes declarados”, com muitos progressistas na principal denominação protestante, recusando-se abertamente a impor ou seguir a restrição.
Para Gaspar Domingos, que falava durante a Trigésima oitava Conferência Anual do Oeste de Angola, a Constituição Americana alterou o conceito do casamento, por isso, advoga a necessidade de se criar regiões e juntos levarem a sua voz para fazer entender que a forma de ser e estar de cada, em cultuar, deve ser respeitada .
“Nós os africanos temos declarado vivamente de que o homossexualismo é uma prática incompatível com o ensino cristão, e é nossa missão curá-los de qualquer desorientação. E nós vamos continuar a pautar sempre por essa incompatibilidade”, assegurou.
Segundo o responsável, essa linguagem vai permanecer no livro da disciplina da igreja metodista em Angola e África em particular no quadro da regionalização que se procura para não se inibir a acção de outros na sua missão de louvar a Deus .
Políticas discutidas de Angola
De acordo com o bispo, a igreja sempre se apresentou como a reserva moral do Estado, por isso tem tentado passar aos políticos a visão sobre a sua grande responsabilidade particularmente na qualidade de vida do povo angolano.
“O grupo de líderes cristãos que esteve recentemente com o Presidente da República de Angola informou sobre a importância dos legisladores não alterem o conceito do casamento na Constituição, pois a sua contrariedade fará com que as igrejas entrem em conflitos por conta da sua definição que até hoje é bíblica, de que o casamento é feito entre um homem e uma mulher”, disse.
Assim, acredita que a igreja continuará a pregar esse preceito e que também o povo continue a encontrar melhores formas de lidar com as práticas que são abominosas no seio comunitário .
“O homem e a mulher são bem-vindos para Deus, porém as suas práticas é que são condenáveis. Por isso, o homossexualismo, pedofilia, poliandria e poligamia, assassinato e violência doméstica são actos reprováveis para a igreja metodista e não só”, salientou.
Por sua vez, o presidente do Fórum Cristão de Angola, Luís Guimbi, crê que a igreja metodista unida sai mais reforçada dessa conferência, tendo em conta o lema central “Aquietai-vos e sabei que eu sou Deus”. Essas palavras, destacou, são de Deus, e os humanos entram em pânico com tudo, num momento tão crítico como esse em que a crise econômica e financeira vigora, mas Deus continua a confortar, dizendo aquietais-vos, e como resultado dessa mensagem é que mesmo diante das dificuldades as sociedades se mantêm vivas. Já Diogo de Sousa, pastor da Igreja Metodista Unida de Bethel, realçou que a conferência foi positiva e que todos os assuntos foram debatidos e esgotados.
Salientou que a igreja debateu também o assunto do homossexualismo com alguma exaustão e chegou a conclusão que não é um assunto para África, e sim para América, daí procurar a política do regionalismo, onde a igreja em Angola, África e Ásia adoptam sua disciplina não chocado com aquilo que é a constituição e a cultura do país.
Ao intervir, a Vice-presidente da UNITA, Arlete Chimbinda, enalteceu o facto de ter testemunhado a consagração de alguns obreiros que trabalharam na igreja, sendo que demonstra que há saúde no seio da igreja.
“Desejo que tenham sucessos nas suas missões nessa grandiosa obra que não é fácil. Vivemos momentos difíceis no país. A sociedade tem valores completamente pervertidos e, no quisto social, encontra-se numa fase deplorável, por isso, desejar que façam um bom trabalho para que se eduque os filhos de Angola a serem tementes a Deus”, frisou.
Por fim, o diretor do Instituto Nacional Para os Assuntos Religiosos, Adilson de Almeida, referiu que a ordenação destes diáconos e presbíteros é o reflexo da continuidade da Igreja Metodista Unida em Angola, uma vez que a igreja tem rumo e a juventude tem vontade de servir o senhor e manter a igreja unida em Angola e além fronteiras.
Nesta conferência, chegou-se ao final de mais um quadriênio que se apresentou de forma atípica, porque teve algumas interrupções devido a COVID que se instalou no mundo inteiro, obrigando a que todos os planos quadrienais conhecessem uma certa redução.
“Existem algumas linhas que vão ajudar a nos colocarmos novamente no trilho e poder se prosseguir e elas passam por reforço a educação a todos os níveis da instrução religiosa, da evangelização e da saúde”, adiantou.
De igual modo, reforçou, vai-se continuar a olhar para a assistência social, pois se conseguiu aperceber através do relatório que a população está a empobrecer, havendo toda a necessidade de se buscar recursos internos e externos para poder auxiliar as comunidades onde se tem estado a prestar serviços.
ANGOP