BRASÍLIA (Reuters) – O ex-presidente Jair Bolsonaro compareceu nesta quarta-feira a um ato em defesa da anistia para condenados pelos ataques de 8 de janeiro de 2022 às sedes dos Poderes, três dias após ter recebido alta hospitalar em razão de uma cirurgia para desobstrução intestinal e da recomendação médica para que evitasse participar do evento.
Mesmo sob o forte sol da tarde em Brasília, capital do país, Bolsonaro ficou a maior parte do tempo em pé no trio elétrico dos organizadores do evento durante o trajeto de cerca de 2 quilômetros entre a Torre de TV e a Esplanada dos Ministérios. Ele ouviu discursos de aliados e também fez uma breve fala em defesa da anistia.
“Anistia é um ato político e privativo do Parlamento brasileiro. O Parlamento votou, ninguém tem que se meter em nada”, disse. “Tem que cumprir a vontade do Parlamento que é quem representa a vontade da maioria do povo brasileiro”, reforçou.
Bolsonaro e aliados pressionam para que a Câmara paute o projeto que concede anistia a envolvidos no 8 de janeiro, após conseguirem mais que o número mínimo de assinaturas para que a proposta tramite em regime de urgência, o que o levaria para ser votado diretamente em plenário.
Contudo, o colégio de líderes partidários da Câmara decidiu há duas semanas não levar a matéria para a pauta no momento, com o apoio do presidente da Casa, Hugo Motta (Republicanos-PB).
Antes do ato desta quarta-feira, havia uma preocupação de aliados do ex-presidente de que o evento fosse esvaziado, o que poderia mostrar fraqueza política de Bolsonaro em um momento delicado por que ele passa, segundo uma fonte ligada à família dele.
O presidente do PL, Valdemar Costa Neto, estimou a presença de 10 mil pessoas na caminhada. Ele discursou em defesa da candidatura de Bolsonaro a presidente em 2026, apesar de o ex-presidente estar inelegível por condenação do Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
Além disso, o ex-presidente virou réu em março no Supremo Tribunal Federal (STF) por tentativa de golpe de Estado para impedir a posse do então presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva. Nesta quarta, o ministro do STF Alexandre de Moraes marcou para 19 de maio o início do depoimento das testemunhas no julgamento de Bolsonaro.
Procurada, a Secretaria de Segurança Pública do Distrito Federal não respondeu de imediato a um pedido de comentário sobre o público presente ao evento.
(Reportagem de Ricardo Brito)