Luanda – O Brasil pretende retomar as linhas de financiamento e investir na transferência de tecnologias de produção agrícola e industrial em Angola, para o relançamento da parceria entre os dois países, declarou esta sexta-feira, em Luanda, o ministro da Agricultura e Pecuária desse país, Carlos Fávaro.
Ao falar à imprensa, no final de um encontro com o Presidente da República, João Lourenço, adiantou que Angola sempre honrou os seus compromissos financeiros com o Brasil, daí não haver motivos para não se continuar com as linhas de financiamento, investimentos em tecnlogia, desenvolvimento económico, parcerias e industrialização com o seu parceiro africano.
Segundo o governante, o retorno de Lula da Silva à Presidência do Brasil permite que se retome uma agenda “tão positiva”, dos laços de amizade e comerciais com Angola.
Ressaltou o facto de diversas delegações do seu país, incluindo o Chefe de Estado brasileiro, Lula da Silva, terem se deslocado a Angola para assinatura de acordos nos diversos domínios, bem como a participação do Presidente João Lourenço na Cimeira do G20, que decorreu no Rio de Janeiro, a convite do homólogo brasileiro
O governante brasileiro lembrou que operação “Lava Jato” com a retórica política criada, fez com que o Brasil parasse de fazer financiamentos externos.
Carlos Fávaro reconheceu que Angola sempre foi um grande parceiro do Brasil, salientando que a vontade do Presidente Lula é retomar essas linhas de financiamento, investir em transferência de tecnologia, de produção agrícola, de água e indústria, para ampliar as relações de exportação do Brasil para Angola e vice-versa.
Fez saber que o Brasil se tornou nos últimos 50 anos um grande produtor de alimentos para si e para o mundo. “Encontramos aqui em Angola as mesmas características. Deu certo no Brasil e dará certo também aqui em Angola”.
O ministro brasileiro, que está em Luanda para participar no Fórum Empresarial Agro Angola-Brasil, é acompanhado de uma delegação que inclui responsáveis da Embrapa, uma instituição pública de pesquiza, desenvolvimento e inovação na área da agricultura, da Apex (agência brasileira de promoção de exportações e investimentos), do Banco do Brasil (o maior banco público daquele país) e empresários dos diversos ramos.
“Para que possamos ampliar as oportunidades comerciais, o Presidente Lula determina que as boas relações comerciais são de compra e de venda, de transferência de tecnologia e de crescimento mútuo, então é essa mensagem que vim trazer ao Presidente João Lourenço”, finalizou.
Cooperação bilateral
A cooperação entre Angola e o Brasil começou a desenhar-se a 11 de Junho de 1980, com a assinatura do Acordo de Cooperação Económica, Científica e Técnica. O Brasil foi o primeiro país do mundo a reconhecer a independência de Angola, proclamada a 11 de Novembro de 1975.
Em 2010, as relações bilaterais foram elevadas ao patamar de parceria estratégica. No continente africano, o Brasil mantém mecanismo deste nível somente com Angola e África do Sul. A parceria é coordenada e implementada pela Comissão Bilateral de Alto Nível.
Angola é um dos principais parceiros comerciais do Brasil no continente africano. Em 2021, as exportações brasileiras para Angola alcançaram USD 408 milhões e as importações, USD 169 milhões. As exportações do Brasil para Angola incluem carnes (15%), açúcar refinado (10%) e veículos rodoviários (10%). Já as importações são constituídas por petróleo (72%) e gás natural (27%).
Em 2022, o volume de negócios entre os dois países atingiu 700 milhões de dólares. Em Angola reside a maior comunidade brasileira no continente africano, estimada em 15 mil pessoas.
ANGOP