Luanda – O ministro da Agricultura e Pecuária do Brasil, Carlos Fávaro, reafirmou, esta segunda-feira, em Luanda, o interesse do seu país em apoiar Angola na garantia da autonomia na produção agrícola, rumo à auto-suficiência alimentar.
Ao intervir no encontro entre os intervenientes do sector agrícola dos dois países, enquadrado na sua missão de trabalho a Angola, que iniciou hoje e vai até dia 10 deste mês, o ministro brasileiro lembrou que o Brasil também já foi, há 50 anos, um grande importador de alimentos, mas conseguiu, através da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), tornar o sector mais pujante e com excedentes para exportação e incentivou o apoio à Angola em investir em sua autonomia agrícola.
A propósito disso, avançou que os técnicos da Embrapa vão instalar-se, ainda neste semestre em Angola e noutros países do continente, com vista à transferência de tecnologia.
Adiantou que o próximo passo será dado no dia 23 deste mês, no Brasil, onde se prevê materializar os memorandos de entendimento formalizados recentemente, um evento que prevê contar com a presença do Presidente da República de Angola, João Lourenço e os ministros da agricultura do continente africano.
Segundo o ministro, tendo em conta a existência de empresários agro-pecuários e fornecedores de insumos e equipamentos específicos no novo contexto que o sector angolano atravessa, defende-se o credenciamento de um ou dois bancos angolanos no Banco Nacional de Desenvolvimento Social (BNDES) do Brasil, para facilitar a exportação de meios agrícolas.
Por sua vez, o secretário de Estado para Agricultura e Pecuária, Castro Camarada, que orientou o encontro, disse que Angola vive um momento de transformação e aposta firme na diversificação da sua economia, tendo a agricultura e a agro-indústria como pilares fundamentais deste processo.
Recordou que a produção interna cobre cerca de 35% das necessidades alimentares do país, sendo o restante garantido pela importação, que consome aproximadamente três mil milhões de dólares/ano.
“Angola não tem condições para continuar a manter este nível de importação, facto que obrigou o lançamento do Programa de Fomento de Produção de Grão (Planagrão), do Programa de Fomento de Produção Pecuária (Planapecuária) e outras acções para fomento de café, caju, cacau, palmar e diversas frutas tropicais.
O objectivo, acrescentou, é acelerar a produção de milho, arroz, trigo, soja, café, frutas, cana-de-açúcar, carne de aves, suínos, bovinos, caprinos, sendo que, para o alcance desta meta serão necessários investimentos em toda a cadeia de valor destes produtos, com destaque para unidades de conservação e processamento agro-industrial, matadouros, fábricas de agro-químicos, equipamentos de rega e outros factores de produção.
No encontro, intervieram igualmente representantes do Ministério do Comércio e Indústria, do Instituto Geográfico e Cadastral de Angola (IGCA), do Fundo de Garantias de Crédito (FGC) e da Agência de Investimento Privado e Promoção das Exportações de Angola (AIPEX).
Integrada por 30 empresários, uma missão brasileira de agro-negócio vai visitar projectos agrícolas nas províncias de Malanje e Cuanza-Norte, além de constatar as oportunidades de investimento nestas regiões.
ANGOP