Brasileiros admitem possibilidade de Angola ser celeiro mundial

Lubango – Especialistas brasileiros em correcção de solos e plantas admitiram que Angola tem potencial para se tornar num “celeiro” da produção agrícola mundial, mas precisa abraçar as novas técnicas de tratamento das terras e produção de grãos.

A afirmação foi feita por peritos brasileiros que trabalham na construção de perfil de solo, fertilidade e nutrição das plantas na Huíla, com vista a garantir a eficácia dos produtores e usos de fertilizantes para melhorar as culturas do trigo, do arroz, do feijão e do milho.

Um deles é o agrónomo e especialista em fitotecnia, Rodrigo Botelho, que admite que a agricultura angolana ainda produz pouco, quando a necessidade de alimentos é maior a cada ano, em função do crescimento populacional.

Para esse académico, Angola pode ser o celeiro da produção agrícola no mundo, dado que os países que hoje o são estão limitados e com pouca margem para crescer, situação agravada com a pressão ambiental.

“Angola tem uma vasta área disponível, solos bons, água em abundância e daqui a alguns anos, com investimento adequado, pode ser a próxima fronteira agrícola do mundo, com produção em larga escala, que vai gerar renda local e o excedente para a exportação”, reforçou.

O também pesquisador sobre plantas daninhas da Universidade do Arkansas, nos Estados Unidos da América, ressaltou que quando se aposta na produção de grãos, cresce também a pecuária, pois baixam os custos com as proteínas vegetais (ração).

Reiterou que basta produzir e acreditar que com as técnicas correctas a safra cresce, mas é necessário olhar para este potencial, empreender para alcançar o sucesso na produção.

Na mesma linha de pensamento, o especialista em fertilidade de solos e nutrição de plantas, Silvino Moreira, sinalizou que Angola com os recursos naturais que tem, como o calcário, “um dos melhores”, consegue dar um salto no fornecimento de cálcio e magnésio para as plantas, mas também neutralizar a acidez dos solos.

O docente da Universidade Federal de Lavras, do Brasil, assinalou que usar o calcário e o gesso, seria a primeira etapa para Angola deixar de ser um país importador de alimentos e transformar-se num “grande” produtor para a população e para vender o excedente.

Reforçou que com o uso dessas técnicas, assim como o de plantio directo, os de sistemas de consórcio, desde que a área seja irrigada, pode-se colher mais de três toneladas de produtos por hectare, contra os 500 actuais.

“Nós (brasileiros) erramos muito ao longo destas três décadas e não queremos que Angola cometa os mesmos erros, transferir coisas que deram certo no Brasil”, manifestou.

Essa troca de experiência entre Angola e Brasil, na vertente agrícola, está a ser possível face a um memorando de cooperação estratégica que existe entre a empresa Jardins da Yoba e a Universidade de Federal de Lavras (UFLA) do Brasil, que tem a duração de 10 anos.

Este é o segundo ano de cooperação, que, dentre outras vantagens, está a permitir a formação de quadros e uso de técnicas modernas no sector agrícola.

ANGOP

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1 Comentário. Leave new

  • Adalberto Telesca Barbosa
    Novembro 16, 2024 6:29 pm

    Estive na instalação de um Projeto de Conservação de Solos e Água na Província de Malange e pude comprovar que o que está escrito nesta matéria é verdadeiro. As culturas que estão sendo implantadas com as práticas recomendada estão obtendo altas produtividades. Acredito que deva ser feito paralelo ao desenvolvimento da Agricultura um Programa de Extensão Rural de Apoio as famílias, a produção de alimentos (vegetais e animais) para a subsistência e venda de excedentes com apoio às famílias na área da Sssistência Social, na melhoria e qualidade das moradias, alimentação, higiene etc… um programa estruturado de desenvolvimento.

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