CIDADE DO VATICANO (Reuters) – Uma fumaça preta surgiu da chaminé no topo da Capela Sistina no Vaticano nesta quinta-feira, sinalizando que os cardeais católicos reunidos no conclave não elegeram um novo papa durante as duas votações desta manhã.
Milhares de fiéis reunidos na Praça de São Pedro esperaram pela fumaça, que saiu da chaminé no teto da capela pouco antes das 7h (horário de Brasília), marcando o fim da sessão de votação da manhã, quando são realizadas duas votações pelos cardeais católicos.
Os 133 cardeais católicos com menos de 80 anos de idade iniciaram o processo altamente ritualizado e secreto na quarta-feira, em completo isolamento, para escolher o sucessor do falecido papa Francisco.
Eles queimam as cédulas de votação e as misturam com produtos químicos para mostrar como os procedimentos estão indo – preto sinalizando que não há papa e branco anunciando um novo pontífice.
Os cardeais realizaram uma votação inicial inconclusiva na quarta-feira. Eles realizarão até mais duas votações ainda nesta quinta-feira, com possíveis sinais de fumaça esperados para depois das 12h30.
Os “príncipes da Igreja” continuarão votando até quatro vezes por dia até que alguém obtenha uma maioria de dois terços.
“Francisco era uma ótima pessoa, pé no chão, humilde, e espero que eles escolham alguém como ele”, disse Tom Barbitta, do Estado norte-americano da Carolina do Norte. Ele está de férias na Itália com sua esposa Susan e foi à praça para ver a fumaça.
Nenhum papa nos tempos modernos foi eleito na primeira tentativa, portanto, a fumaça preta de quarta-feira era amplamente esperada. Mas, considerando a história recente, um resultado final é possível a partir do segundo dia.
Francisco, o primeiro papa da América Latina, foi eleito na noite do segundo dia do último conclave, realizado em 2013, assim como seu antecessor, Bento XVI, em 2005.
O cardeal italiano Giovanni Battista Re, que tem 91 anos e, portanto, não pode participar do conclave, disse a repórteres italianos que espera que o novo papa seja eleito até a noite desta quinta-feira.
DIVERSIDADE GEOGRÁFICA
Um número recorde de 133 cardeais de 70 países está envolvido neste conclave, em comparação com 115 de 48 países no último conclave – um crescimento que reflete os esforços de Francisco para ampliar o alcance global da Igreja.
Embora não tenha surgido um favorito claro, o cardeal italiano Pietro Parolin e o cardeal filipino Luis Antonio Tagle são considerados os favoritos.
Se ficar óbvio que nenhum deles pode vencer, espera-se que os votos sejam transferidos para outros candidatos, com os eleitores possivelmente se unindo em torno da geografia, afinidade doutrinária ou idiomas comuns.
Outros “papabili” – possíveis candidatos papais em italiano – são o francês Jean-Marc Aveline, o húngaro Peter Erdo, o norte-americano Robert Prevost, o italiano Pierbattista Pizzaballa e o filipino Pablo Virgilio David.
Durante o conclave, os cardeais são isolados do mundo e juram segredo, seus telefones e computadores são confiscados, enquanto eles são transportados entre a Capela Sistina para votar e dois locais no Vaticano para dormir e jantar.
Antes do início do conclave, alguns cardeais fizeram avaliações diferentes sobre o que estão procurando no próximo papa. O pontificado relativamente liberal de Francisco foi marcado por divisões amargas entre tradicionalistas e reformistas.
Alguns têm pedido a continuidade de sua visão de maior abertura e reforma, enquanto outros desejam voltar no tempo e abraçar tradições que estão se esvaindo. Muitos têm indicado que desejam um papado mais previsível e comedido.
(Por Joshua McElwee, Crispian Balmer, Philip Pullella e Alvise Armellini)
