Luanda – O director artístico da edição do Carnaval 2025, Manuel Sebastião, valorizou a necessidade de preservação da identidade da cultura angolana, defendida pelos grupos carnavalescos no período de 1 a 3 do corrente mês, em Luanda.
O responsável falava à ANGOP sobre a valorização cultura angolana na sequência dos desfiles dos grupos nas classes Infantil, B e A, cujos resultados serão divulgados nesta quarta-feira.
“Esta edição foi um bom espectáculo, porque os grupos trouxeram muitas propostas boas, iniciativas criativas, boas coreografias, indumentárias, boas letras e sobretudo lembra o primeiro Presidente de Angola, António Agostinho Neto”, disse.
Para si, a performance dos grupos fez jus a celebração dos 50 anos de Independência Nacional, a ser assinalado no dia 11 de Novembro, pelo nível acentuado das múltiplas variantes da cultura angolana.
Os 12 grupos que desfilaram, na segunda-feira, na Nova Marginal de Luanda, proporcionaram cor e alegria aos presentes, entre os quais a Vice-presidente da República, Esperança da Costa.
Milhares de foliões fizeram-se presentes no local, animando a festa de diversas formas e testemunhando o desempenho das formações carnavalescas que se prepararam durante meses para este desfile.
Acorreram ainda ao local turistas provenientes de Portugal, Bélgica, Alemanha, Itália, México, Holanda, Estados Unidos da América, entre outros que se juntaram a festa angolana.
Entre as 12 apresentações que preencheram a agenda do último dia, o destaque recai para as três últimas agremiações, tendo em conta o momento de euforia que proporcionaram ao público.
O União Recreativo do Kilamba que desfilou na 10ª posição, ao ritmo do Semba, captou imediatamente a atenção do público e os levou ao delírio, fazendo ouvir mais intensamente a voz das mais de quatros mil pessoas que preencheram as arquibancadas na Avenida Dr. António Agostinho Neto (nova Marginal).
A 11ª posição foi preenchida pelo União Kiela que não passou despercebido aos olhos dos espectadores, pois defendia maior atenção às parturientes.
Com um pé de dança apurado, indumentárias refinadas e música apreciável aos ouvidos do público, que não se conteve com o ritmo, o grupo mostrou-se como um potencial candidato ao podia.
Já o União Mundo da Ilha homenageou o seu antigo presidente João António Custódio, “Tio Mano” como era carinhosamente tratado, falecido a 9 de Junho de 2024, vítima de doença.
Com um misto de sentimentos, os integrantes do Mundo da Ilha fizeram-se à pista para resgatar o título que foge desde 2020, altura em que conquistou pela última vez a primeira posição.
A independência foi proclamada a 11 de Novembro de 1975, pelo nacionalista António Agostinho Neto que se tornou no primeiro Presidente da República de Angola.
A presente edição conta com 13 grupos na classe infantil, 11 na classe B e 12 na classe A, que exibem-se ao estilo do semba, kabetula, kazukuta e dizanda para animar os presentes.
Os primeiros registos do Carnaval em Angola são de 1857, referentes à festa popular dos Kimbundos, num evento cultural interrompido de 1961 a 1963 e de 1975 a 1977.
Em 1978, o Presidente Agostinho Neto recomendou um carnaval diferente daquele que era conhecido na época.
Com o resgate do Carnaval por Neto, em 1978, a festa passou a ser congregadora, anual e competitiva, pelo que os participantes passaram a ser agraciados com estímulos.
O primeiro grupo a vencer o Entrudo foi União Operário Kabocomeu, do Sambizanga.
Actualmente, o União Mundo da Ilha é o “campeão dos campeões”, com 14 títulos conquistados, seguido do União Kiela, com cinco prémios, União 10 de Dezembro, com quatro, o União Angola Independente e o União Sagrada Esperança, com três troféus, respectivamente.
O Carnaval é uma festa popular tradicionalmente cristã, apesar de algumas de suas características remontarem a celebrações realizadas por diferentes povos pagãos na Idade Antiga.
A relação entre o Carnaval e o Cristianismo está na proposta da igreja de canalizar os “impulsos carnais” dos fiéis em uma data apenas, para, depois, impô-los um período de restrição e jejum, actualmente conhecido como quaresma que se inicia na quarta-feira a seguir ao Carnaval.
ANGOP