Celeiro do mundo

Na declaração final da Cimeira realizada em março de 2023 em Dacar, capital do Senegal, foi proclamado que “é tempo de África se alimentar a si própria e desbloquear plenamente o seu potencial agrícola para ajudar a alimentar o mundo”.

A afirmação se apoia no facto de que a África utiliza apenas 20% da sua terra arável. Ou seja, há 80% de terra arável por utilizar.

A expectativa beira ao ridículo diante do quadro de que quase um quarto da população do continente se encontra em situação de desnutrição, de acordo com dados da Organização das Nações Unidas (ONU).

Pelo menos 216 milhões de crianças em África sofrem de atraso de crescimento e de subnutrição. A má nutrição é a principal causa de morte entre as crianças com menos de cinco anos na África Subsariana, a seguir à malária.

Os índices de desnutrição são assustadores: República Democrática do Congo (76%), Somália (72%) e Burundi (63%).

O paradoxo é que 60% das terras aráveis não cultivadas do mundo se encontram em África. O Banco Mundial constatou que África tinha alguns dos trabalhadores agrícolas menos produtivos do mundo, medidos pela quantidade de valor económico que cada pequeno agricultor acrescenta ao PIB global.

A África Subsaariana gera apenas 1.526 dólares por pessoa na agricultura, em comparação com a média mundial de 4.035 dólares, liderada pelos EUA, com 100.062 dólares por pessoa.

Países como a Tanzânia, por exemplo, ficam muito abaixo da média, com apenas 868 dólares de riqueza gerada por pessoa. Hakainde Hichilema, presidente da Zâmbia, disse que a tecnologia era a forma mais importante de aumentar o rendimento das colheitas em toda a África.

Ao aproveitar o poder da tecnologia, pretende-se aumentar a produção alimentar em 100m toneladas e tirar 40 milhões de pessoas da pobreza até 2025.

Transformar potencialidade em realidade:

O programa implementa tecnologias à escala ao longo de nove cadeias de valor de mercadorias: milho, arroz, trigo, feijão de ferro alto, mandioca, batata-doce de casca de laranja, sorgo/milho, gado e aquacultura.

“Hoje temos as tecnologias para alimentar África”, disse Akinwumi Adesina, presidente do AfDB (Banco Africano de Desenvolvimento.). “Elas estão na prateleira, mas precisamos de as tirar da prateleira e colocá-las nas mãos das pessoas certas.

As finanças são também uma barreira fundamental para a expansão do sector agrícola africano. Os pequenos agricultores são frequentemente incapazes de comprar insumos agrícolas fundamentais e aumentar os rendimentos da produção devido à falta de financiamento disponível no mercado.

Na maior parte dos casos questões institucionais estão na base destas barreiras estruturais. E tudo começa pela não priorização nos programas de governo e de distribuição de meios e recursos financeiros do sector agrícola como chave do combate à fome e a miséria.

O combate à fome e à miséria têm, definitivamente de entrar como prioridade absoluta na agenda do governo.

Programas de fomento agrícola, combinados com assistência técnica mínima aos agricultores pode ser a chave.

O sector privado, impulsionado pelo agro-business, tem aqui um papel fundamental e de treinamento aos actores no campo.

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