Adis Abeba, (Lusa) – A cimeira da União Africana (UA) terminou hoje, em Adis Abeba, depois de abordar desafios que o continente enfrenta, incluindo os conflitos no Sudão e no leste da República Democrática do Congo (RDCongo), sem declaração com as conclusões.
“Depois de muitas horas de trabalho, desceu a cortina nesta 38.ª sessão ordinária da União Africana”. A cimeira da União Africana reuniu chefes de Estado e de Governo, disse numa breve cerimónia de encerramento o Presidente angolano, João Lourenço, cujo país assume a presidência rotativa da UA pela primeira vez, nos próximos doze meses.
“O contributo de todos permitiu-nos aprovar todos os documentos que foram apresentados nesta sessão, obviamente com as devidas correções”, disse Lourenço, sem dar informação sobre o que foi aprovado, num ato que decorreu à meia-noite, quase quatro horas depois do previsto.
A organização tinha anunciado, para depois da cerimónia, uma conferência de imprensa do Presidente angolano e do presidente cessante da Comissão (secretariado) da UA, Moussa Faki Mahamat, mas esta foi cancelada sem que tenham sido esclarecidas as razões.
A União Africana também não deu qualquer indicação sobre divulgação das conclusões da 38.ª Sessão Ordinária da Assembleia da UA, o órgão supremo de decisão da organização pan-africana composta pelos líderes dos 55 Estados-membros.
No sábado e no domingo, os líderes africanos deliberaram sobre os desafios mais prementes do continente, incluindo os conflitos armados no Sudão e no leste da RDC.
A UA apelou hoje a um “cessar-fogo” permanente para alcançar a paz no Sudão, onde o exército e o grupo paramilitar Forças de Apoio Rápido travam uma guerra desde abril de 2023.
“A única maneira sustentável de alcançar a paz é um cessar-fogo abrangente, inclusivo, imediato e permanente”, disse o comissário da UA para os Assuntos Políticos, Paz e Segurança, Bankole Adegboyega Adeoye, numa conferência de imprensa na sede da organização na capital etíope.
A guerra no Sudão causou, até à data, dezenas de milhares de mortos e forçou mais de 11 milhões de pessoas a deixarem as suas casas, tornando o país o cenário da pior crise de deslocamento do mundo, de acordo com as Nações Unidas.
Adeoye também alertou contra a “balcanização” do leste da RDCongo.
Este conflito, entre a RDCongo e os rebeldes do M23, apoiados pelo Ruanda, intensificou-se nos últimos meses e o movimento armado ocupou em finais de janeiro a capital da província congolesa do Kivu Norte, Goma, e uma cidade estratégica na província vizinha do sul.
O secretário-geral da ONU, António Guterres, disse na cimeira, numa intervenção no sábado, que “não há solução militar” para o conflito no leste da RDCongo e sublinhou que “uma escalada regional deve ser evitada a todo o custo”.
Durante a cimeira, os líderes também elegeram no sábado o ministro dos Negócios Estrangeiros do Djibuti, Mahamoud Ali Youssouf, como novo presidente da Comissão da UA.
Youssouf sucederá ao chadiano Mahamat, que cumpriu o seu segundo e último mandato de quatro anos à frente da Comissão.
A União Africana lançou na cimeira o seu ano temático para 2025 sob o lema “Justiça para africanos e afrodescendentes através de reparações”, referindo-se à compensação por abusos durante o período colonial.
ANP // MAG
Lusa/fim