HONG KONG/PEQUIM (Reuters) – A China disse que o ataque dos Estados Unidos às instalações nucleares do Irã prejudicou a credibilidade norte-americana e alertou que a situação “pode sair do controle”, informou sua emissora estatal, após uma reunião do Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU) no domingo.
O presidente norte-americano, Donald Trump, disse que os EUA haviam “destruído” as principais instalações nucleares de Teerã, juntando-se a Israel na maior ação militar ocidental contra a República Islâmica desde sua revolução de 1979, o que chocou diversos líderes de estado e prejudicou a credibilidade norte-americana.
O Conselho de Segurança da ONU se reuniu no domingo para discutir os ataques dos EUA às instalações nucleares do Irã, enquanto a Rússia, a China e o Paquistão propuseram que o órgão de 15 membros adotasse uma resolução pedindo um cessar-fogo imediato e incondicional no Oriente Médio.
O embaixador da China na ONU, Fu Cong, disse que as partes deveriam conter o “impulso da força, evitar exacerbar os conflitos e adicionar combustível ao fogo”, de acordo com a emissora estatal chinesa CCTV.
Fu disse que as partes, especialmente Israel, “devem cessar fogo imediatamente para impedir que a situação se agrave e evitar o alastramento da guerra”.
O Irã foi prejudicado “mas a credibilidade dos Estados Unidos também foi prejudicada — tanto como país quanto como participante de qualquer negociação internacional”, acrescentou Fu.
Comentários da mídia estatal no final do domingo disseram que a ação dos EUA foi extremamente perigosa e provocativa. O jornal Global Times, em um artigo de opinião, disse que a interferência militar externa nunca traria paz e apenas “aprofundaria o ódio e o trauma regionais”.
Guo Jiakun, porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China, disse nesta segunda-feira que atacar instalações nucleares que estão sob a supervisão da Agência Internacional de Energia Atômica é “uma grave violação da Carta das Nações Unidas”.
A China está disposta a fortalecer a comunicação e a coordenação com todas as partes para desempenhar um papel construtivo na restauração da paz no Oriente Médio, disse Guo em uma coletiva de imprensa regular.
Guo também disse que os cidadãos chineses no Irã que estão dispostos a sair foram todos retirados para áreas seguras.
Com a ajuda do Ministério das Relações Exteriores da China, da embaixada chinesa no Irã e de outras autoridades, “3.125 cidadãos chineses foram retirados com segurança do Irã”, disse ele.
Guo acrescentou que o número inclui moradores de Hong Kong e Taiwan. A China considera Taiwan, democraticamente governada, como seu próprio território.
Em Israel, a embaixada chinesa organizou a retirada de mais de 500 cidadãos do país, disse Guo.
(Reportagem de Farah Master, em Hong Kong; Xiuhao Chen, em Pequim, e da Redação Pequim)