Daniel Chapo promete alargar diálogo para o fim da crise pós-eleitoral

Maputo, (Lusa) – O Presidente moçambicano, Daniel Chapo, prometeu hoje alargar a mesa do diálogo para o fim da crise pós-eleitoral, prevendo a inclusão de membros da sociedade civil e académicos.

“A primeira fase do diálogo envolve partidos políticos com assento parlamentar e, posteriormente, irá integrar ao diálogo membros da sociedade civil, das associações cívicas, religiosas e profissionais, bem como da academia, para que juntos possamos encontrar soluções conjuntas para o Moçambique que queremos”, declarou Daniel Chapo, durante a cerimónia central das celebrações do 03 de fevereiro, Dias dos Heróis em Moçambique.

O Presidente moçambicano, Daniel Chapo, está em diálogo com partidos políticos para discutir reformas estatais, incluindo a alteração da lei eleitoral e da Constituição, iniciado pelo anterior Presidente, Filipe Nyusi, face à crise pós-eleitoral no país.

Na segunda-feira, Chapo anunciou consensos sobre termos de referência para discutir reformas estatais, incluindo alterações à lei eleitoral, após um encontro com quatro líderes de forças partidárias, mas sem a presença do antigo candidato presidencial Venâncio Mondlane, o segundo votado mais de acordo com o Conselho Constitucional e que lidera a pior contestação aos resultados que o país conheceu desde as primeiras eleições, em 1994.

No seu discurso hoje na Praça dos Heróis, em Maputo, Daniel Chapo não fez qualquer referência à possível inclusão de Mondlane na mesa do diálogo, considerando apenas que este visa encontrar “soluções conjuntas” para “um país unido”.

“Queremos exortar à participação de todos, inspirados no exemplo dos nossos heróis, que tudo fizeram para a libertação e edificação do nosso Estado moçambicano”, declarou Chapo.

Na sexta-feira, a Missão de Observação da União Europeia (UE) às eleições gerais de outubro em Moçambique defendeu que a solução para a crise pós-eleitoral no país passa por envolver Venâncio Mondlane no diálogo.

“Acredito que não há solução política para esta crise sem um diálogo que seja verdadeiramente inclusivo e no qual participe Venâncio Mondlane [antigo candidato presidencial que lidera a contestação aos resultados eleitorais]”, declarou a chefe da missão da União Europeia (UE), Laura Ballarín, durante uma conferência de imprensa para apresentação do relatório final da missão, em Maputo.

Na terça-feira, Mondlane manifestou-se, uma vez mais, aberto ao diálogo com o chefe de Estado moçambicano, para pôr fim à crise pós-eleitoral, considerando que até agora não foi contactado.

“Não fui ainda contactado, (…) quando for convidado vou apresentar os meus pontos de vista, já passei várias vezes esta mensagem”, declarou Mondlane.

Moçambique vive desde 21 de outubro um clima de forte agitação social, protestos, manifestações e paralisações, convocadas por Venâncio Mondlane, com confrontos violentos entre a polícia e os manifestantes, além de saques e destruição de equipamentos públicos e privados.

De acordo com a plataforma eleitoral Decide, organização não-governamental que acompanhou o processo eleitoral, nestes protestos há registo de pelo menos 315 mortos, incluindo cerca de duas dezenas de menores, e pelo menos 750 pessoas baleadas.

EAC // VM

Lusa/Fim

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