Embaixada de Angola diz que está a dar apoio a estudantes angolanos no Porto

Porto, (Lusa) – A Embaixada de Angola está a dar apoio aos estudantes angolanos da Escola Profissional de Economia do Porto (EPES) com bolsas atrasadas e vai fazer um levantamento nacional para identificar casos semelhantes, avançou hoje à Lusa fonte oficial.

Estudantes de Angola e São Tomé e Príncipe acusaram nos últimos dias a direção da Escola Profissional de Economia do Porto (EPES) de racismo, sobrelotação dos alojamentos e atrasos na entrega das bolsas de estudo, das quais dependem para viver.

Fonte oficial da Embaixada de Angola em Lisboa disse hoje à agência Lusa que depois de ter tido conhecimento dessas queixas e acusações dos alunos dos Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa (PALOP) decidiu dar “apoio aos estudantes”, “contactar as famílias” e manter um “contacto assíduo com a escola”.

Além destas iniciativas, a representação diplomática vai também avançar com um levantamento mais abrangente para identificar quantos alunos há em Portugal nestas circunstâncias de bolsas atrasadas e a viver, alegadamente, sem condições de habitabilidade.

“Temos de ter o panorama geral, pois percebemos que os estudantes da EPES não serão os únicos no país com estas queixas”, acrescentou a mesma fonte oficial da Embaixada angolana.

Sobre as acusações de racismo, sobrelotação dos alojamentos e atrasos na entrega das bolsas de estudo, um dos diretores da EPES, Paulo Pinhal, declarou no sábado passado à Lusa que as acusações não faziam “qualquer sentido” e que não correspondiam “à verdade”.

Contudo, Paulo Pinhal admitiu que houve atrasos “pontuais” de mais de um mês na entrega das bolsas devido ao Quadro Comunitário e ao novo ‘software’ de aprovação dos subsídios de alimentação e alojamento.

O responsável admitiu também que pode ter existido “uma situação pontual de sobrelotação”, mas destaca que “aquilo que há preocupação na escola é que as condições do alojamento ofereçam o número de casas de banho mínimo, que não ultrapasse os cinco ou seis alunos por casa de banho”.

Carla (nome fictício), uma estudante de 16 anos, de nacionalidade angolana, viveu com mais 35 raparigas no dormitório da EPES, onde tinha apenas direito a uma cama num beliche e um armário.

A estudante contou à Lusa que passou frio no dormitório e que a renda era de 150 euros/mês.

O dormitório da EPES foi desmantelado recentemente porque a escola decidiu que precisava de “mais salas de aula”, explicou Paulo Pinhal, admitindo, todavia, que a EPES foi visitada em setembro por três instituições, nomeadamente pela Saúde pública, para identificar situações do alojamento.

Questionada sobre se havia atraso na entrega da bolsa, Carla disse que chegou a tardar dois meses.

“Passei fome, porque não tinha o dinheiro (…) Nunca pensei passar fome em Portugal. Pensava que Portugal era melhor”, diz, referindo que no país de onde veio, Angola, nunca passou fome.

O Ministério da Educação, Ciência e Inovação (MECI) confirmou à Lusa ter conhecimento das acusações contra a EPES “desde outubro” e que contactou a Câmara do Porto para fazer vistorias, bem como informou a Agência para a Integração, Migrações e Asilo (AIMA) sobre as situações descritas que envolvem alunos provenientes dos PALOP.

CCM // VM

Lusa/Fim

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