Estado angolano comete o mesmo erro duas vezes

Angola endivida-se para transportar uma mercadoria que não tem o nos leva a pensar que o CFB é um bom pretexto para quem faz o melhor negócio que existe em Angola. Emprestar dinheiro ao estado angolano para receber juros altos com um risco baixo.

O risco é baixo porque o governo angolano é um bom pagador, durante os últimos 50 anos, Angola nunca entrou em default. Uma proeza que alguns países europeus não conseguiram.

A sinceridade de Gracelin Baskaran do “Center for Strategic and International Studies” Washington, deve ser ouvida, ele afirma que, “Esta é uma entrada fácil para o soft power dos EUA”.

Na verdade por incrível que pareça, o estado angolano está a cometer o mesmo erro duas vezes:

  1. Endividou-se com a China para reconstruir CFB.
  2. Está a endividar-se com os EUA e União Europeia para reconstruir a reconstrução do CFB feita pela China.

O primeiro credor, a China, mesmo sendo o maior consumidor de cobre do mundo não conseguiu garantir que o cobre do Katanga fosse escoado pelo CFB.

Muito menos possibilidades terão os EUA e UE que desactivaram boa parte da sua indústria de transformação do minério de cobre e levaram-na para Ásia.

Os únicos que podem garantir que o cobre do Katanga seja transportado pelo CFB, são os próprios donos do cobre, é a Gecamines da RDC e ela até agora não investiu nem $1,00 USD no CFB.

O que Angola está a fazer reconstruindo e reconstruindo o caminho de ferro seria o mesmo se a RDC construi-se um pipeline de Kinshasa ao posto fronteiriço do Luvo, sem participação da Sonangol, para levar petróleo dos poços de Angola para às suas refinarias. Sem um prévio acordo e investimento da Sonangol nesse pipeline a garantia que a Sonangol enviaria petróleo por esse pipeline seriam simplesmente nulas e
portanto um grande risco se os nossos bons vizinhos se empenhassem uma tal
empreitada.

A história mostra que o estado português não acreditou que o cobre do Katanga seria enviado por Angola e por isso mesmo não colocou um tostão no CFB, não correu riscos, jogou seguro e decidiu cobrar apenas as portagens. Que corresse o risco quem tinha as minas de cobre, os ingleses.

Por que razão o estado angolano se endivida tanto para reconstruir e reconstruir o CFB?

Por que está mais confiante que o estado português, há cem anos, de que o cobre da RDC vai ser escoado pelo CFB?

Por: Kandumba Hoji

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