Lubango – O reforço da agricultura familiar, através de assistência técnica e novos financiamentos, a introdução do seguro agrícola e de tecnologias na produção constam das sugestões da região Sul para a elaboração da Estratégia Nacional de Reconversão do Sistema Agro-alimentar (2026-2035).
Ao reagir no workshop de lançamento da consulta pública para a elaboração da Estratégia Nacional de Reconversão do Sistema Agro-alimentar para a região Sul, o empresário Fernando Gomes, sustentou que deve se olhar para o aumento do nível de produção de todos, olhando para criação do seguro agrícola, pecuário e florestal.
Declarou que a agricultura tem de estar integrada “obrigatoriamente”, razão pela qual é necessário ter laboratórios para análise de solos, combate de pragas, entre outros fins, juntando a academia no processo de fazer essa integração no campo e assim aumentar a produtividade.
Para o presidente da Cooperativa dos Avicultores da Huíla, Miguel Kalandula, na componente avícola falta a componente de alimentação para as aves e ao falar do sector agro-alimentar têm de abordar a parte produtiva de cereais, pois o que se produz ainda é “insignificante”, para a quantidade de aves existentes.
Ressaltou ser um desafio que não se faz sem o apoio do Estado, por isso é vital apostar nos pequenos e grandes produtores com financiamentos que podem colmatar as dificuldades do país na questão da produção.
Já o director da Acção para o Desenvolvimento Rural e Ambiente (ADRA), na Huíla e Namibe, Simione Chiculo, destacou que o “grande desafio” está na população a crescer de forma exponencial e a produção de alimentos de maneira aritmética, pois os apoios para reforçar a alimentação na mesma velocidade que o crescimento populacional ainda “são poucos”.
Destacou a necessidade de apoiar os pequenos agricultores, tanto na perspectiva do reforço das capacidades organizativas em associações e cooperativas, assim como no fortalecimento das capacidades produtivas, com assistências técnica, recursos financeiros, assim contar com o envolvimento das universidades.
Para o director comercial da Cooperativa dos Criadores de Gado do Sul de Angola, Lutero Campos, o país precisa investir no agro-silvo-pastoril, até 10 por cento/ano do seu orçamento para redução considerável da fome nos próximos anos e aumentar a produção agrícola.
Considerou ainda a necessidade de baixar-se as taxas dos insumos agrícolas e sair da agricultura rudimentar para a mecanizada, razão pela qual os preços devem ser competitivos, de maneira que o produtor com menos rendimento consiga mecanizar a sua produção.
Apontou ainda como desafios a melhoria da questão do escoamento deve melhorar, assim como as vias de acesso dos campos aos mercados de consumo.
Por conseguinte, o delegado regional Sul da Associação Industrial de Angola (AIA), Francisco Chocolate, defendeu a atribuição de financiamento aos industriais que produzem ração animal, para evitar fuga de divisas.
O vice-governador da Huíla, para o sector Técnico e Infra-estruturas, Hélio de Almeida, disse que a discussão da Estratégia Nacional de Segurança Alimentar é um ponto crucial para a estabilidade socioeconómica do país, um ente primário do ponto de vista se saúde pública e do combate à pobreza.
Augurou por ideias e soluções que possam ser presenteadas em prol de uma estratégia que seja robusta, inclusiva e consiga congregar todo tipo conhecimentos e contribuições, para o alcance da segurança alimentar, baseada na produção agrícola, seja feita de forma consistente e equilibrada.
O ciclo de debates públicos com todos os órgãos públicos, privados e a sociedade civil, para a recolha de contribuições com vista a elaboração da Estratégia Nacional de Reconversão do Sistema Agro-alimentar foi lançado dia 27 de Fevereiro último e está a ser levado a cabo pelo Ministério da Agricultura e Florestas em parceria com o Fundo das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura (FAO).
A consulta pública tem a finalidade de recolher contribuições do sectores da agricultura, pecuária e florestas, assim como o comércio rural para colher opiniões relevantes sobre alterações climáticas, pobreza e fome, segurança alimentar e nutricional, serviços de extensão rural, infra-estruturas para acelerar o sistema agro-alimentar.
Para as três províncias foram recolhidas contribuições em dois eixos dos seis definidos sobre Sistemas Agro-alimentares, nomeadamente, “Intensificar a Produção Sustentável de Alimentos, a Agro-industrialização e o Comércio” e o segundo, “Impulsionar o investimento e o financiamento para acelerar a transformação dos sistemas agro-alimentares”.
As consultas estão a acontecer em outras regiões do país, um processo que tem a duração de cinco meses e vai culminar com a elaboração de um documento que reflecte a realidade de Angola para as necessidades de todos os grupos.
ANGOP