Dados divulgados pelo Departamento de Trânsito de Luanda indicam que 80% dos mototaxistas que operam no país não conhecem as regras básicas do Código de Estrada. Resultado: os acidentes provocados por ciclomotores, motociclos, triciclos e quadriciclos resultaram em 240 mortes e 725 feridos, dos quais 368 graves em 2023.
Mesmo sem números oficiais consolidados estima-se que as motocicletas representam uma parcela maioritária da frota veicular em Angola, chegando a constituir de 50% a 60% dos veículos do país, com mais de 600 mil veículos sobre duas rodas registrados no país.
A grande maioria destas motos modelos de baixa cilindrada importadas já usada de outros países e com manutenção deixando a desejar, o que acaba potencializando ainda mais o número de sinistros nas vias urbanas.
O enxame de motocicletas em Angola se deve a maior acessibilidade financeira na compra de motos em comparação aos carros, a facilidade de deslocamento em centros urbanos congestionados e a insuficiência da infraestrutura rodoviária para atender à demanda por automóveis.
Desemprego e Kupapatas
Há uma predominância de motocicletas utilizadas como meio de transporte individual, mas também há uma presença considerável de motocicletas usadas como motos-táxi, uma alternativa de transporte público informal.
No entanto, a regulamentação e a fiscalização do uso de motocicletas em Angola ainda representam desafios, com questões relacionadas à segurança no trânsito, condução sem habilitação e falta de manutenção adequada.
A actividade de moto-táxi surgiu primeiramente na província de Benguela, em 1991 logo após a desmobilização das tropas angolanas.
De lá para cá, as chamados Kupapatas tornaram-se numa verdadeira concorrência aos taxistas de veículos automóveis. Este tipo de transporte é mais frequentemente usado nos locais aonde dificilmente chegam os “candongueiros”.
Nos bairros periféricos, onde as estradas degradadas e a insegurança limitam o acesso a outro meio de transporte, as kupapatas ganham importância no dia a dia das populações. Inicialmente vocacionadas para o transporte de mercadoria, hoje garantem fundamentalmente a deslocação de pessoas.
As Kupapatas que fazem serviços de táxi são, na sua maioria, alteradas com dois assentos de madeiras estofados, adaptados, com a capacidade de transportar até 6 passageiros sentados.
Levam pessoas e mercadoria, e para as vendedoras que diariamente se deslocam para os mercados, são o meio de transporte mais barato, uma vez que nos táxis a mercadoria a transportar tem sempre um custo superior.
O número de kupapatas também aumentou porque muitos jovens que ficaram sem emprego ou já desempregados viram nesta actividade uma possibilidade de terem um rendimento para viver. Em dias com muito fluxo de passageiros chegam a faturar até 20 mil Kz por dia.