Luanda, (Lusa) – A Frente de Libertação do Estado de Cabinda (FLEC) reivindicou a morte de “nove soldados angolanos e de dois civis” durante “intensos combates” esta manhã entre as Forças Armadas de Cabinda (FAC) e as Forças Armadas Angolanas (FAA).
Num “comunicado de guerra”, a FLEC-FLAC refere que os confrontos tiveram lugar por volta as 05:00 na fronteira de Kinsembo-Maduda, aldeia entre Cabinda e a República Democrática do Congo (RDCongo).
O denominado Comando Militar das Forças Armadas de Cabinda lamenta ainda morte de um soldado seu durante a operação e apela a população à “desobediência civil em todo o território” daquela província do norte de Angola.
A organização independentista, neste documento assinado pelo tenente-general André Binda Nzau, chefe da brigada de Maiombe Sul, defende também que cabe ao povo de Cabinda “revoltar-se contra a ocupação angolana na sua terra e de impor a sua vontade como povo soberano”, garantindo “proteção armada do povo” e “resposta com vigor a qualquer ação das FAA contra o povo”.
“Os civis inocentes são continuamente e injustamente presos pelos angolanos, sob pretexto de apoiarem as FAC. Duas casas de civis na aldeia de Kisungu foram saqueadas e queimadas pelas FAA. A FLEC-FAC não deixará impunes estes crimes”, lê-se no comunicado.
Na mesma nota é defendida a “revolta” do povo de Cabinda “até que seja reconhecido o seu direito à autodeterminação e à sua independência”.
A FLEC/FAC reivindica há vários anos a independência do território de Cabinda, província de onde provém grande parte do petróleo angolano, recordando o Tratado de Simulambuco, de 1885, que designa aquela parcela territorial como protetorado português.
O comandante da Região Militar Cabinda, o tenente-general Tukequebi Tussem dos Santos, disse, na semana passada, que aquela província “goza de boa estabilidade” do ponto de vista político, social e militar, garantindo haver em toda a extensão territorial a livre circulação de pessoas e bens.
A alta patente das FAA, citada pelo jornal O País, falava na cerimónia de abertura do ano de instrução e preparação operativa combativa, educativa e patriótica 2025/2026 da Região Militar Cabinda que decorre sob o lema: “FAA – Rejuvenescer para fortalecer, consolidando a paz e a unidade territorial”.
O Presidente angolano, João Lourenço, em recente entrevista à revista Jeune Afrique, afirmou que a situação de segurança na província petrolífera de Cabinda é estável e que a FLEC-FAC não representa qualquer ameaça para o território angolano.
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