Maputo, (Lusa) – O Comité Central da Frelimo reúne-se hoje para eleger Daniel Chapo, já empossado chefe de Estado, como presidente do partido no poder em Moçambique, avançou à Lusa a porta-voz daquela força política.
“Esperamos a presença dos 255 membros efetivos que compõem o Comité Central e também de 17 suplentes. Temos um único candidato para a eleição do presidente do partido, que é o atual chefe de Estado. Portanto, ele vai ser eleito e isso é um processo natural na Frelimo”, explicou à Lusa a porta-voz da Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo), Ludmila Maguni.
A terceira sessão extraordinária do órgão máximo do partido entre congressos vai começar as 09:00 locais (menos duas horas em Lisboa), na Matola, arredores de Maputo.
Além da eleição do novo presidente do partido, substituindo Filipe Nyusi, antigo chefe de Estado, na reunião vai também ser eleito um novo secretário-geral, função ocupada desde maio pelo próprio Daniel Chapo.
Todos os anteriores Presidentes de Moçambique foram também presidentes da Frelimo, partido no poder desde 1975.
Filipe Nyusi, Presidente da República nos últimos dez anos, até à tomada de posse para o mesmo cargo de Daniel Chapo, em 15 de janeiro, foi reeleito no XII congresso, em 25 de setembro de 2022, presidente da Frelimo.
De acordo com os estatutos da Frelimo, o Comité Central tem a competência de “eleger, entre os seus membros, por maioria de dois terços, o presidente do partido, no caso de substituição por morte, renúncia ou incapacidade”, sob proposta da comissão política, pelo que, face à saída de Nyusi antes do final do mandato, não será necessário convocar um congresso.
Formado em Direito pela Faculdade de Direito da Universidade Eduardo Mondlane, em Maputo, em 2000, Daniel Francisco Chapo, de 48 anos, nasceu em Inhaminga, província de Sofala, centro de Moçambique, em 06 de janeiro de 1977, sendo por isso o primeiro Presidente nascido já depois da independência do país (1975).
Chapo, que já foi locutor de rádio, docente universitário e administrador, era, até à altura da sua indicação com candidato da Frelimo, pelo Comité Central, em maio do ano passado, um político de “perfil discreto” que governava, desde 2016, a província turística de Inhambane, no sul de Moçambique.
Apontado pela Frelimo como uma “proposta jovem”, assumiu em 15 de janeiro a Presidência moçambicana no ano em que o país assinala 50 anos de independência, um período marcado, entretanto, pela maior contestação aos resultados eleitorais desde as primeiras eleições, 1994.
Desde outubro, pelo menos 327 pessoas morreram, incluindo cerca de duas dezenas de menores, e cerca de 750 foram baleadas durante os protestos, de acordo com a plataforma eleitoral Decide, organização não-governamental que acompanha os processos eleitorais.
São manifestações e paralisações convocadas, primeiro, pelo antigo candidato presidencial Venâncio Mondlane, que não reconhece os resultados. Na rua, hoje, os protestos são maioritariamente assumidos por jovens, que questionam os 50 anos da governação da Frelimo e, além do argumento da verdade eleitoral, incluem, como motivações, o desemprego e a baixa escolaridade, que, dos 32 milhões de moçambicanos, afeta um terço dos cerca de 9,4 milhões de jovens.
É um problema que durante a campanha eleitoral, por diversas vezes, Chapo abordou, apontando a formação como fundamental e prometendo oportunidades.
“Queremos potenciar a atividade agrícola para impulsionar a produção e, por via disso, atrair a indústria para aqui. Isso vai criar mais empregos para os nossos jovens”, declarou Chapo, num comício, em 21 setembro, na província do Niassa.
Essencialmente, no seu manifesto, com o slogan “Vamos Trabalhar”, a prioridade é “atacar a burocracia e a corrupção”, avançou Chapo, em entrevista à Lusa em outubro, destacando que governar o país era uma “missão” lhe havia sido atribuída pela Frelimo.
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