Huambo – cidade que acolhe, encanta e inspira

Huambo – Cheia de opções tanto para o descanso como para o lazer, o Huambo, a “Cidade Vida de Angola”, é uma região que convida ao convívio com a natureza e a história, ao aliar riquezas culturais e naturais ao património arquitectónico.

Com vários encantos, na sua maioria, à espera de melhor exploração, onde o passado se entrelaça com o presente, a capital da província com o mesmo nome, tem a cada esquina uma história para contar e um local para repousar.

Ao chegar ao Huambo, aconselha-se a visitar o Largo Doutor António Agostinho Neto, no centro da urbe, construído entre 1935 e 1940, à época como praça Dr. Manuel de Arriaga, que acolhia a estátua monumental de Norton de Matos, fundador da cidade, assim como as suas quatro virtudes: prudência, sabedoria, temperança e justiça.

Entre 1975 e 1976, após a proclamação da Independência Nacional, passou a chamar-se Largo 11 de Novembro.

Destruída parcialmente durante o conflito armado (1993-2002), foi reconstruída em 2006, data em que passou a ser designada Praça Doutor António Agostinho Neto, com a construção, no local, de um monumento em bronze do Primeiro Presidente de Angola.

A par do Largo Doutor António Agostinho Neto, aconselha-se o turista a visitar o museu regional local, que, apesar de estar em obras, mantém uma série de fragmentos arqueológicos, para além de roupas, utensílios, obras de arte e artesanatos populares, que levam o visitante a entrar, de imediato, em contacto com a riqueza cultural.

Com base nas explicações, os visitantes viajam literalmente para o passado como resultado da história presente em cada uma das fontes que ali se encontra.

Distinta e peculiar, desde a sua concepção arquitectónica, obras históricas, monumentos e sítios a sua temperatura, a historicidade dos seus bairros, as danças e a gastronomia são os factos que fazem qualquer visitante pensar em voltar antes mesmo de se ir embora.

Os turistas podem dirigir-se, igualmente, ao Centro Cultural “Manuel Rui Alves Monteiro”, que homenageia um filho do Huambo, pelo contributo na cultura e na literatura nacional.

A cobertura do centro se configura com fumo que sai da chaminé de uma locomotiva, pintada com as cores da Bandeira Nacional, em reconhecimento ao contributo do Caminho-de-Ferro de Benguela (CFB) na promoção do desenvolvimento social, económico e cultural, uma combinação perfeita, entre a história e arquitectura moderna.

Nas proximidades destes espaços existe uma variedade de lojas e restaurantes, com itens de produção artesanal, sobretudo, no Jardim da Cultura, podendo-se saborear os pratos típicos da gastronomia local.

A cidade do Huambo conta uma gastronomia rica, como o sarrabulho (miudezas de porco), peixinhos da horta, sele (feijão fresco e puré), broa de banana, calife (bolinho de fuba de moinho ou de soja), entre outros.

Os visitantes podem, igualmente, consumir o pirão de milho, cabidela, súmati e verduras como lombim, quissaca, lossua e jimboa.

Em relação às bebidas, a hospitaleira cidade do Huambo oferece a quissarra, quissângua, caporroto, sumo de múcua, morango, loengo e de longuesso, este ultimo o mais consumido da actualidade.

Trata-se de uma “raiz milagrosa” de tamanho pequeno e de sabor semelhante ao do coco, que cresce espontaneamente em zonas montanhosas do município do Bailundo, um dos 11 que compõem a província do Huambo.

Diz-se ter propriedades medicinais, que podem ajudar “na prevenção do cancro e combate à anemia falciforme”, o tubérculo longuesso, que já se tornou uma marca do Huambo, é considerado, por muitos, como um produto que ajuda na fertilidade dos homens.

Desafios para uma capital ecológica

As autoridades tudo fazem, através da implementação de políticas, que visam tornar a urbe na primeira Capital Ecológica de Angola.

A estufa-fria, noutros tempos considerada um cartão-de-visita da urbe e recinto saudável de lazer e convívio, pois a sua vegetação possui uma grande variedade de espécies, constitui-se num laboratório vivo, que clama por maior atenção, tendo em conta o avançado estado de degradação que apresenta.

Situado no centro da cidade do Huambo, ou melhor, entre o Seminário Maior de Cristo Rei e o Arcebispado, estar no local é uma plena oportunidade para contemplar e aproximar-se à natureza.

Para devolver a beleza ao local, segundo o director do Ambiente e Saneamento Básico do município do Huambo, Leonardo Pompeu, as autoridades locais projectam a realização de trabalhos paisagísticos, consubstanciados na colocação do mobiliário urbano, colocação de lancis, plantação de jardins, entre outros, que visam torná-lo mais turístico e com um ambiente saudável.

O responsável informou que, a par da estufa-fria, sob gestão de uma empresa privada, a administração do município do Huambo está engajada na recuperação dos principais espaços de lazer, com destaque para as zonas verdes, como o jardim da Cultura, a Praça Dr. Agostinho Neto, os jardins do Ambiente e do Arcebispado e outros espaços espalhados pela urbe.

Referiu que a administração está a fazer esforços no sentido de manter estes locais mais atraentes, daí a necessidade de criar-se mecanismos que visam deixá-los sempre limpos e irrigados.

O responsável salientou que esforços estão a ser envidados para se ultrapassar a actual situação dos espaços verdes e de lazer.

Outro investimento pilar para tornar o Huambo em capital ecológica de Angola, embora seja de âmbito central, resulta do facto de ser a sede do primeiro Centro de Ecologia Tropical e Alterações Climáticas (CETAC) do país.

A instituição, inaugurada em 2012, junto à estufa-fria, dedica-se à investigação sobre problemas ambientais, constituindo-se, num importante trunfo para apresentação de estudos ecológicos voltados para a conservação da biodiversidade.

A criação deste centro, o único do género no país, enquadra-se no programa do Executivo para o relançamento do projecto de investigação científica e estudo das alterações climáticas, conservação e preservação do ambiente natural.

O aproveitamento das águas residuais, valorização dos solos degradados, constituição de equipas de investigação e apoio a elaboração e implementação de políticas e programas de preservação do ambiente constituem, entre outros, os objectivos para o qual foi criado.

Permite aos especialistas, estudantes dos institutos médios e superiores ligados à área aproveitar as possibilidades oferecidas para melhorar as condições de vida da população, através da utilização racional dos recursos hídricos e climáticos.

Com certo orgulho, os habitantes desta cidade regozijam-se por serem reconhecidos como hospitaleiros, trabalhadores, humildes e dedicados, porém, mostram-se expectantes quanto ao processo em curso de requalificação dos espaços verdes.

O citadino Paulo Santana acredita que o Huambo tem boas “chances” para se tornar na primeira Capital Ecológica de Angola, embora reconheça que o rápido crescimento da cidade imponha novas acções, para além da requalificação imediata da estufa-fria e a conclusão do aterro sanitário.

Marta Cardoso diz que o Huambo é uma cidade que, para além do seu clima tropical, possui uma vegetação que propicia a boa vivência dos citadinos, daí o necessário engajamento de todos na preservação na melhoria do segmento básico.

Percurso histórico

A cidade do Huambo foi inaugurada a 21 de Setembro de 1912, pelo então governador-geral de Angola, general e político português José Mendes Ribeiro Norton de Matos.

A inauguração da cidade surgiu 43 dias depois de ter sido elevada a esta categoria, a 8 de Agosto do mesmo ano, através da portaria 1040, assinada pelo general Norton de Matos.

O nome da urbe deve-se ao mítico caçador Wambu Calunga, oriundo do Cuanza-Sul, que habitava na localidade de Muangunja, no município da Caála.

Contrariamente ao que muitas fontes históricas sustentam, não foi este caçador quem fundou a cidade do Huambo, mas sim o general Norton de Matos.

Logo após a inauguração, a cidade do Huambo conheceu um grande impulso para a vida social e económica, principalmente, no ramo do comércio, indústria, agricultura, pecuária e construção de infra-estruturas sociais, cujos efeitos positivos e significativos para o desenvolvimento tornaram-na numa referência nacional em diversos domínios da vida.

Em 1928, período em que Vicente Ferreira foi governador-geral de Angola, a cidade do Huambo, de acordo com a “Carta Orgânica de Angola”, Título I, foi proposta a capital do país, para além de a terem atribuído a designação de Nova Lisboa, em homenagem à cidade de Lisboa, capital de Portugal.

O engenheiro Vicente Ferreira terminou o esboço da cidade em 1911, segundo as orientações de Norton de Matos, preparou parcelas de terrenos e indicou os espaços para arquitecturas civil, militar, religiosas, funerárias e tantas outras e definiu todas as ruas.

Reza a história que a planta da cidade do Huambo foi feita um ano depois da sua inauguração, em 1913.

A política estabelecida por Norton de Matos, enquanto governador-geral de Angola, preconizava o desenvolvimento do interior, enquadrando-se aí a criação da cidade do Huambo.

Este governante, aliás, não se limitou a criar a cidade, mas, também, procurou desenvolvê-la ao máximo, com diversas medidas posteriores, como a concessão de terrenos a empresas comerciais, a instalação de uma câmara municipal, de escolas, de uma delegação da fazenda e a criação de uma granja agrícola experimental e um posto pecuário de observação e tratamento de gados.

Davam-se, assim, os primeiros passos importantes para o desenvolvimento daquela que, em poucos anos, se transformaria na segunda cidade de Angola, num centro de formação civil e militar importantíssimo e numa urbe possuidora do segundo parque industrial do país.

A cidade do Huambo pode ser considerada como a que mais cresceu durante o período colonial, depois de Luanda, daí a intenção, sempre manifestada oficialmente pelos colonizadores portugueses, de promover esta imponente urbe.

A cidade do Huambo, fruto dos passos que estão a ser dados rumo ao progresso e à prosperidade que a caracterizaram até 1975, está a ser novamente transformada em “Cidade Vida de Angola”, com a melhoria da plástica da urbe e a electrificação da periferia.

Conta com um aeroporto moderno e com o funcionamento regular de diversos empreendimentos para fazer ressurgir o seu parque industrial, tal como a circulação do comboio dos Caminhos-de-Ferro de Benguela (CFB) estruturas, igualmente, edificadas na época colonial e remodeladas, nos últimos anos.

A cidade tem como berço o Forte da Quissala, que recebia comerciantes portugueses vindos de Benguela e eram encaminhados para a zona comercial da rua do Comércio.

A urbe tem dois momentos importantes, que a história não pode deixar de registar, concretamente, o da sua fundação, em 21 de Setembro, e o da sua inauguração, em 1912, já como cidade.

Entretanto, das infra-estruturas antigas da cidade constam o Palácio do Governador, na época “Ombongue yewe” (Palácio de Pedra), que terá sido construído com mão-de-obra local, entre 1939 e 1945, à base de pedra e cimento.

Constam, igualmente, as actuais instalações do Banco Nacional de Angola (BNA), do Comité Provincial do MPLA, do Governo Provincial, da Direcção da Agricultura, do Mercado Municipal e do Arcebispado do Huambo e outro, todas elas na parte baixa.

Na parte alta da cidade, destacam-se, entre outras, a então Biblioteca Constantino Kamoli e o actual Centro Médico da Polícia Nacional. Junto ao Prédio do Registo havia a primeira Escola Primária, enquanto o actual Museu era a casa de passagem dos Serviços de Telecomunicações.

A fundação do Huambo é antecedida pelo surgimento das primeiras missões católicas destacando-se a missão do Cuando, fundada em 1910, pelo Monsenhor Luís Alfredo Keilling, que antes de ser construída no actual espaço, funcionava no centro da cidade junto à biblioteca municipal Constantino Kamoli.

A paróquia da Sé Catedral do Huambo, só aparece 20 anos depois da fundação da cidade do Huambo, isto é, em 1932, local escolhido por Monsenhor Luís Alfredo Keilling, talhão número 284, espaço fornecido pelo governador-geral Lopes Mateus, construída pelo engenheiro Marques Trindade, que contou com patrocínio do Banco de Angola e por outros benfeitores.

A cidade do Huambo foi e continua a ser um pólo de desenvolvimento económico, industrial e agro-pecuário e um centro de excelência no domínio académico, nomeadamente na área da investigação agrária e veterinária.

Factos curiosos

A actual cidade do Huambo era denominada Wambu em homenagem ao lendário caçador Wambu Kalunga, vindo da região de Seles, Cuanza-Sul, que perseguia um elefante e que acabou por abate-lo nas imediações do rio Cunhoñgamua, próximo das pedras Ganda e Cawe, no município da Caála.

Foi neste local onde montou o seu acampamento para a secagem da carne e por fim, de tanto gostar da região, foi buscar a família à terra de origem, para consigo morar.

Reza a história, que o projectista da cidade foi o engenheiro Vicente Ferreira, que, em 1928, na qualidade de governador-geral da província de Angola, atribuiu à cidade o nome de Nova Lisboa, com o propósito de que esta passasse a ser a capital de Angola, bem como de todas províncias ultramarinas, tendo em conta a sua arquitectura e o clima da região que se assemelha à capital da metrópole Lisboa (Portugal).

Com este título, as casas de adobe e pau-a-pique cobertas de capim da nova vila, deram lugar a novas casas de construção definitiva e edifícios dos órgãos administrativos e religiosos e a vida da nova urbe progredia.

Segundo fontes histórias, o Huambo é uma das poucas localidades do país que nasceu para ser cidade, logo a sua criação foi projectada para ser a capital da região do Planalto Central.

Mas o seu crescimento surgiu rapidamente nos últimos anos da década de 70 com o aparecimento de um parque industrial forte e a intensificação da actividade económica diversificada.

O município do Huambo, um dos 11 da província com o mesmo nome, tem uma população estimada em 934 mil 127 habitantes, residentes em 433 bairros, distribuídos em três comunas, Chipipa, Calima e

Sede, esta última com seis sectores (Bandeira, Cacilhas, Capango, Nzaji, Xavier Samacau e Vilinga).

Por Aurélio Janeiro, jornalista da ANGOP

ANGOP

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