Cuito – A insuficiência de técnicos agrários e de meios de transportes constam entre as principais dificuldades do gabinete da Agricultura, Pecuária e Pescas na província do Bié, por inviabilizarem o desenvolvimento do sector na região.
A informação foi prestada, esta quarta-feira, pelo director da referida instituição, Barnabé Chico Sanguale, durante a visita de constatação e auscultação do sector pelo grupo de deputados residentes na província do Bié, no âmbito das suas competências, enquanto representantes do povo.
Barnabé Chico Sanguale fez saber que a instituição dispõe apenas de 100 técnicos, com um raio de três para cada município, e 10 carros em mau estado operacional, situação que não permite efectuar uma cobertura a nível da província para prestar a assistência necessária, sobretudo, à agricultura familiar.
Sem precisar os números necessários, informou que em termos de quadros, a província necessita, só para as escolas de campos, estimadas em mais de mil 700, de 200 novos técnicos, assim como outros para as áreas de vigilância epidemiológica, veterinária e pecuária.
Entretanto, revelou que no quadro do concurso público, realizado recentemente, o Bié será contemplado, nos próximos dias, com 15 novos técnicos, um número bastante exíguo para responder à demanda.
Quanto aos meios de transportes, referiu que tendo em conta a extensão territorial da província, o aumento de veículos é necessário, de modo a permitir maior facilidade nas deslocações das equipas para que possam apoiar tecnicamente as famílias camponesas.
O responsável indicou, igualmente, a escassez de insumos agrícolas e a sua chegada tardia, a falta de meios de colheita de arroz e trigo, de correcção dos solos e da melhoria no apoio e assistência técnica e tecnológica aos camponeses, como outras dificuldades do sector.
Barnabé Chico Sanguale destacou as perspectivas da instituição, consubstanciadas no fomento à produção de peixes em cativeiros e a intenção de estabelecer uma parceria institucional com a empresa de tecnologia Huawei, para permitir o fornecimento, em tempo integral ao gabinete, de informações úteis sobre o clima na província.
Por sua vez, o coordenador do grupo de deputados residentes no Bié, Anastácio Severino Sambowe, referiu que a visita permitiu radiografar o sector e ter informações precisas que vão ajudar na defesa daquilo que a província pretende para galvanizar a agricultura.
Assegurou que as dificuldades apresentadas serão levadas em consideração nas suas intervenções dentro dos debates parlamentares, para que junto do governo se encontre soluções para as mesmas.
Referiu ser preocupante o nível elevado que se regista do êxodo rural e que só será combatido com a criação de incentivos no campo para que se continue a produzir.
Para o efeito, defendeu a implementação de uma tecnologia de ponta no sector da agricultura que faça com que a mesma não dependa apenas da época chuvosa e aproveite as potencialidades hídricas que a província e o país dispõem.
Contudo, recomendou maior envolvimento do gabinete da Agricultura e das demais forças vivas da sociedade, no reforço de combate às práticas de roubo nos campos de cultivo, por estarem a desincentivar os agricultores a continuarem com as suas acções, assim como dos bens públicos, por quanto têm tirado atenções do governo para outros investimentos, sobretudo na agricultura.
Na presente campanha agrícola (2024/2025), estão envolvidas 275 mil 696 famílias camponesas que foram apoiadas, com seis mil 600 toneladas de fertilizantes, sendo cinco mil 880 de adubo composto 12-24-12, 480 de ureia e 390 de sulfato de amónio, de um lote de oito mil toneladas a serem disponibilizadas para a província na presente época.
As mesmas beneficiaram, também, de mil 610 toneladas de milho amarelo, branco, arroz, feijão catarino, feijão manteiga, trigo, massambala e massango e de outros instrumentos de trabalhos, em que se destacam tractores e suas alfaias, moto cultivadoras, descascadores de arroz, debulhadoras de milho, motobombas pulverizadores.
Quanto a safra, estima-se a colheita de dois milhões, 70 mil 484 toneladas de produtos diversos, como milho, feijão, mandioca, soja, amendoim, batata rena, doce, arroz, trigo, hortícolas e frutícolas variadas, numa área de 689 mil 242,5 hectares de terras preparadas.
(ANGOP)
