Investigação ao baleamento de aliado de Mondlane está em curso

Maputo, (Lusa) – A Polícia da República de Moçambique (PRM) disse hoje que estão em curso a investigação para o esclarecimento do baleamento, no domingo, de Joel Amaral, um aliado do ex-candidato presidencial Venâncio Mondlane, no centro de Moçambique.

“Neste momento, a partir das informações recolhidas no terreno, estamos em processo de investigação ao baleamento, em coordenação com Serviço Nacional de Investigação Criminal (Sernic)”, declarou Miguel Caetano, chefe das Relações Públicas da PRM na Zambézia, em conferência de imprensa.

Joel Amaral foi baleado no domingo no bairro Cualane 2.º, na cidade de Quelimane, província da Zambézia, no centro de Moçambique.

De acordo com a polícia, Amaral, que está agora nos “cuidados intensivos e evoluir bem”, foi alvejado por um grupo que se deslocava numa viatura todo terreno, quando a vítima seguia numa bicicleta.

“Os indivíduos estavam munidos com uma arma de fogo do tipo pistola e terão disparado duas munições contra a vítima, tendo-a alvejado na região da cabeça”, acrescentou Miguel Caetano.

O Hospital Central de Quelimane confirmou uma lesão no couro cabeludo de Joel Amaral, mas os exames hospitalares apontaram que a bala não alcançou o osso do crânio, conforme dados avançados hoje pela unidade sanitária.

Joel Amaral é um músico, autor de temas que mobilizaram apoiantes de Mondlane nas campanhas eleitorais para as autárquicas (2023) e depois para as presidenciais (2024).

Venâncio Mondlane, que classificou o baleamento de Amaral como mais um caso de “intolerância política”, ameaçou hoje convocar protestos “100 vezes piores” se a “perseguição política” aos seus apoiantes continuar, um dia após um dos seus aliados ter sido baleado no centro de Moçambique.

Mondlane, que rejeita os resultados das eleições de 09 de outubro, liderou, nos últimos cinco meses, a pior contestação aos resultados eleitorais que o país conheceu desde as primeiras eleições multipartidárias (1994), com protestos em que cerca de 390 pessoas perderam a vida em confrontos com a polícia, segundo dados de organizações da sociedade civil, degenerando, igualmente, em saques e destruição de empresas e infraestruturas públicas.

O Governo moçambicano confirmou anteriormente, pelo menos, 80 óbitos, além da destruição de 1.677 estabelecimentos comerciais, 177 escolas e 23 unidades sanitárias durante as manifestações.

Contudo, em 23 de março, Mondlane e o Daniel Chapo, Presidente já empossado, encontraram-se pela primeira vez e foi assumido o compromisso de cessar a violência no país.

“Eu fui obrigado a ir apertar a mão ao Presidente que foi colocado pela Comissão Nacional de Eleições e pelo Conselho Constitucional porque me garantiram que a perseguição, as mortes e os sequestros iriam parar. Mas, com o que aconteceu com o Joel Amaral, eles estão a cumprir?”, questionou o político.

Logo após as eleições gerais de 2024, o assessor jurídico de Venâncio Mondlane, o conhecido advogado Elvino Dias, e o mandatário do Podemos, Paulo Cuambe, partido que apoiava a sua candidatura presidencial, foram baleados mortalmente na noite de 18 de outubro, no centro de Maputo, com tiros de metralhadora, num crime que provocou a comoção na sociedade moçambicana e que continua por esclarecer.

O Presidente moçambicano reagiu ao mais recente caso de baleamento, o de Joel Amaral, classificando o ato como uma “afronta à democracia” e pedindo uma “investigação cabal”.

“Este ato de violência gratuita não é apenas um ataque contra um cidadão que contribui com o seu saber e dedicação ao nosso país, mas também uma afronta à democracia e aos princípios do Estado de direito, que todos devemos proteger”, afirmou o chefe de Estado, em comunicado.

EAC // ANP

Lusa/Fim

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