A falta de saneamento básico adequado é um caso sério em Angola. Nos últimos 5 anos, o Governo angolano atribuiu, em média, somente cerca de 1,3% do Orçamento Geral do Estado no sector de Água, Saneamento e Higiene (ASH).
O sector carece de investimento adicional visto que quase 50% da população do país não tem acesso a estes dois serviços fundamentais (água e esgoto). O Governo angolano atribuiu, em 2023, cerca de 393 mil milhões de kwanzas (2,0% do OGE) aos sectores da água e do saneamento básico, sendo que o sub sector da água beneficiou de 75% do montante total atribuído, à semelhança dos anos anteriores, deixando um orçamento de saneamento reduzido para as necessidades de Angola.
Os Dados do Banco Mundial apontam que 52% das famílias angolanas utilizam os serviços de saneamento básico, e 57% têm acesso à água potável. No entanto, as famílias que vivem em áreas urbanas têm mais probabilidades de ter acesso à água e ao saneamento básico do que as que vivem em zonas rurais e periurbanas, pois, nas áreas urbanas, 65% das pessoas têm acesso ao saneamento básico e 72% das pessoas têm acesso à água potável, enquanto nas zonas rurais apenas 24% e 28% das pessoas possuem acesso ao saneamento básico e à água potável, respectivamente.
Mais um recorde negativo vergonhoso
Segundo o Unicef, Angola é o país onde há a maior diferença do mundo entre ricos e pobres em relação a acesso a saneamento. Para se ter uma ideia da desigualdade, 94% dos mais ricos dispõem de serviços básicos de saneamento como água e esgoto em comparação com apenas 15% dos mais pobres. A diferença é de 77 pontos entre os ricos e os pobres.
Este abismo social impacta na expectativa de vida das nossas crianças. E por falta de visão política e de gestão. Afinal, a cada 160 kzs investidos em saneamento se economiza quase 1,500 kzs na saúde.