No mundo empresarial, a expressão falência técnica retrata uma empresa que não tem recursos suficientes para cumprir com suas obrigações financeiras e atender aos pagamentos devidos aos seus credores.
Em economês, seria o mesmo que dizer que é quando uma empresa não tem dinheiro suficiente para pagar as suas dívidas. Então, em que situação podemos aplicar esse termo a um país como Angola?
A estabilidade econômica de um país é um aspecto crucial para o seu desenvolvimento e bem-estar da sua população. No entanto, em certas circunstâncias, uma nação pode enfrentar desafios financeiros tão graves que a situação se torna insustentável.
Falência técnica poderia ser traduzida como uma situação de quebra, uma condição em que o governo de um país não consegue mais cumprir suas obrigações financeiras.
As consequências de uma falência técnica são amplas e profundas. Uma economia em colapso pode levar ao desemprego em massa, à queda do valor da moeda nacional, à inflação descontrolada e à redução do acesso a serviços essenciais, como saúde e educação.
Esse quadro de descalabro lhe parece algo familiar? Vamos aos indicadores.
Incapacidade de Pagar Dívidas
A dívida com a China, paga essencialmente com o valor da venda de petróleo, rondava, até 2019, os 23 mil milhões de dólares. Em 2018, a China aprovou uma nova linha de financiamento de dois mil milhões de dólares norte-americanos.
Atrasos no Pagamento da Dívida.
A dívida pública angolana cresceu quase 785 milhões USD no primeiro trimestre deste ano, período em que se verificou um crescimento de 7% na dívida interna, equivalente a mais 1.122 milhões USD face a Dezembro de 2023.
Inflação “Descontrolada
Em maio deste ano, houve um aumento do preço dos bilhetes de autocarro em Angola de 50 para 150 kwanzas. Ou seja, um acréscimo de 300 por cento, surpreendendo até mesmo as empresas de transportes públicos colectivos urbanos rodoviários de passageiros e os utentes, que esperavam apenas uma subida de 50 e não de 100 kwanzas.
Fuga de Capital
Apesar de terem subido 1% face a Fevereiro, as Reservas Internacionais encolheram 3% em 2024, ao passar de 14.727 milhões USD em dezembro do ano passado para 14.321 milhões em março, o que representa uma queda de 405,6 milhões em apenas três meses
Desvalorização Acelerada da Moeda
Atualmente, um dólar vale cerca de 840 kwanzas, enquanto um euro equivale a 902 kwanzas, o que demonstra que a valorização da moeda nacional ainda continua aquém do esperado, comparativamente à moeda externa.
Colapso do Sistema Bancário
A Unidade de Informação Financeira (UIF) diz no seu relatório anual referente ao ano de 2022 existir em Angola muitas acções e práticas em instituições financeiras como bancos, instituições não bancárias ligadas ao crédito e à moeda suspeitas de crime de branqueamento de capitais e financiamento ao terrorismo.
Redução das Reservas Internacionais
Segundo o quadro sobre a evolução diária das Reservas, disponibilizado pelo Banco Nacional de Angola (BNA), as Reservas Internacionais estavam estimadas em 14.207 milhões de dólares, quando em 28 de Dezembro estavam nos 14.773 milhões de dólares. Diante deste cenário, nota-se uma redução em mais de 500 milhões de dólares
Queda no PIB
O Produto Interno Bruto (PIB) per capita deverá cair dos actuais 3.543 USD para 3.525 USD em 2027, menos 18 USD, de acordo com o Plano de Desenvolvimento Nacional draft preliminar 2023-2027. Isto significa que os angolanos ficarão mais pobres dentro de quatro anos, apesar do crescimento económico previsto para este período.
Dependência de Ajuda Externa
O FMI (Fundo Monetário Internacional) prevê que a inflação melhore de 25,7%, este ano, para 16,3% em 2025, seguindo uma tendência de redução que se aplica também ao rácio da dívida sobre o PIB, que deverá cair de 74%, no ano passado, para 58,5% e 52,1% neste e no próximo ano, respetivamente.
Desconfiança Internacional
O stock de Investimento Directo Estrangeiro (IDE) em Angola afundou 40% desde o início da pandemia da Covid no País, em 2020, passando de 21.595,1 milhões USD para 12.908,3 no III trimestre de 2023. Os estrangeiros desinvestiram 8.686,7 milhões no País em três anos.
Esses indicadores apontam uma grave crise econômica que pode levar à falência técnica de um País.
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