José Eduardo dos Santos – o Pai Grande da Nação

Ontem, 28 de Agosto, JES “faria aniversário” na linguagem popular. Em circunstâncias normais, para quem na verdade edificou a actual Nação, devido a morte prematura de Agostinho Neto, cobriríamos o dia com romagens, reflexões e outro tido de actividades de evocação, típicas de países normais; de países onde os feitos e os méritos, se sobrepõem aos percalços e erros de percurso – afinal de contas somos humanos e falíveis, por conseguinte.

O país na era João Lourencista assiste, ao contrário do que se esperava, pelo menos ao nível protocolar oficial, quase nenhumas actividades ou eventos de homenagem à quem deu muito de si por esta terra. É triste!

⁠À boca miúda se vai dizendo aqui e acolá que nem acesso ao sarcófago do mesmo é possível sem uma autorização superior (do patrão); não me parece que seja verdade e por isso não direi mais nada neste plano. Deixa só já, yá? A grande verdade mesmo é que, como muitos outros já escreveram, há uma nuvem poeirenta de hipocrisia e ingratidão no ar. Ingratos e imbecis!!!

⁠JES, aos muitos anos dos seus trinta, mesmo no alto dos seus trinta anos, teve que aguentar uma guerra com o feroz apartheid racista apoiada pelos mesmos da guerra da Ucrânia (a OTAN) e venceu libertando o Zimbabwe, a Namíbia e a África dos Sul numa sentada. Comandada e manipulada pelos EUA, combateu sem tréguas a guerrilha, as intrigas internas dos “seus” correligionários mas também, e em paralelo, edificou a Nação e reformou o “socialismo” à mwangole, a doutrina que já encontrou no “MPLiA” – Partido do Trabalho.

⁠E fê-lo! Começou com a reforma económica com os especialistas húngaros e o finado engenheiro António Henriques da Silva, então ministro do Plano (que a terra lhe seja leve!) passando do planeamento central para a economia de mercado, através do programa de saneamento económico e financeiro (SEF), claramente sabotado pelos “seus correligionários (outra vez) porque os “técnicos” escolhidos para a tarefa foram todos corridos com pesadas baixas, negociou os acordos de paz e reformou o sistema político nacional, transformando-o em multipartidário e implantou o sistema de democracia que mal ou bem trouxe de alguma forma a liberdade de expressão, o capitalismo à mwangolé e outros mambos (coisas boas) para o cidadão. Lembram-se dos vistos de entrada no seu próprio país?

Aguentou mais uma guerra, a pós-eleitoral, desta vez mais feroz porque o palco foram as grandes cidades, aceitou o programa monitorado dos “camones” (FMI e Banco Mundial), embora não morresse de simpatias por eles porque sabia que estavam à mando dos “tais” de sempre, negociou a dívida no clube de Paris, restabeleceu as relações com a Santa Sé (o Vaticano) e deu largas a liberdade religiosa.

⁠Avisou a Sabimbi, como Putin está a fazer ao comediante Zelensky, que se não voltasse à mesa das negociações iria acabar morto algures nos capins da nossa querida Angola – e cumpriu-se mesmo a profecia. Fez a paz, lançou a sua mão magnânima aos derrotados, salvando-os da morte à fome da mesma forma como no passado havia acabado com a pena de morte porque nunca se predispôs a mandar matar quem quer que fosse. Terminou a guerra vitorioso dizendo (alguém se lembra do discurso?) que nunca foi derrotada no campo da batalha. Derrotou todos os seus inimigos e os seus mentores. E não é que é verdade!

⁠Fez mais: criou, com as suas reformas políticas e económicas (boas ou más) os tribunais superiores, intermédios e menores (perdoem-me a falta de rigor jurídico), a Assembleia Nacional (o Parlamento), as Forças Armadas como tais, a Polícia Nacional e as várias bófias (internas e externas). Ainda teve tempo para o “tosco” programa de reconstrução nacional com a China onde, por mera ansiedade de ver as coisas feitas, colocou a ganância e a incompetência técnica à frente do programa e acabou enganado e enganando o país – muito coisa tem de se refazer, enquanto se paga a dívida a quem emprestou a massa.

⁠JES fez obra e edificou a Nação – não há como ignorar ou minimizar este feito. Enriqueceu os seus, os seus filhos e familiares mas não conseguiu trazer a paz definitiva, trazendo os outros heróis da luta de libertação nacional (Holden e Savimbi) ao reconhecimento público. Ainda se luta Mpla contra Unita e voce-versa. Porém, justiça seja feita, à sua maneira e com os seus erros e percalços, cuidou de NÓS.

Obrigado, José Eduardo dos Santos. Presente!!!

 

Por: Aniclenia Uemba

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