Desde 2012, Angola não sabe o que é subir ao pódio nos Jogos Paralímpicos. A esperança de colocar uma medalha ao peito em Paris está depositada nas passadas rápidas de Juliana Moko (deficiente visual total – classe T11).
A atleta angolana esteve presente nos Jogos Paralímpicos de Tóquio, em 2021, e vai disputar os 100, 200 e 400 metros femininos. Já Sabino Tchipessi (deficiente motor – classe T46) fará a sua estreia nos 400 metros masculinos. Ambos terão como atleta-guia, Abraão Sapalo.
Na oitava participação da história de Angola na competição, sendo a primeira em 1996 em Atlanta, Juliana vai tentar repetir o feito na mesma modalidade de uma lenda desportiva do país: José Sayovo.
Nos Jogos Paralímpicos de 2004, o velocista fez história ao conquistar três ouros nos 100, 200 e 400 metros (T11) para atletas com deficiência visual total, orgulhando um povo que dois anos antes tinha alcançado a paz ao sair de uma guerra civil que causou danos irreparáveis, incluindo a ele, que ficou cego depois de uma explosão de uma mina em 1998.
Em 2008, nos Jogos Paralímpicos de Pequim, voltaria a dar mais alegrias aos angolanos, ao ganhar três medalhas de prata nos 100, 200 e 400 metros (T11).
Aos 37 anos, fechou a “epopeia” com uma medalha de bronze nos 200 metros (T11) e uma medalha de ouro nos 400 metros (T11), na edição de Londres, em 2012.
Em 2021, numa entrevista à Euronews, Sayovo destacou que foi um processo muito difícil para si porque “aqueles que perdem a visão acabam sem qualquer referência”, uma vez que “não há maneira de se deslocarem ou caminharem sozinhos”. Mesmo assim, Sayovo continuou a correr atrás da glória e levou para Angola oito medalhas, enchendo de orgulho os seus compatriotas.