SEUL – O candidato do partido liberal da Coreia do Sul, Lee Jae-myung, venceu as eleições presidenciais antecipadas de terça-feira por ampla margem, de acordo com pesquisas de boca de urna, dando início a uma mudança política depois que a reação contra a lei marcial derrubou seu antecessor.
Os resultados das pesquisas realizadas pelas emissoras do país, que a Reuters não confirmou de forma independente, foram divulgados depois que cerca de 80% dos 44,39 milhões de eleitores elegíveis do país votaram.
Os sul-coreanos esperam deixar para trás os seis meses de turbulência causados pelo decreto de lei marcial do líder deposto Yoon Suk Yeol e reverter a situação de declínio da quarta maior economia da Ásia.
A pesquisa de boca de urna conjunta das emissoras KBS, MBC e SBS, que em eleições anteriores esteve, em sua maioria, alinhada com os resultados finais, colocou Lee Jae-myung com 51,7% e seu rival conservador Kim Moon-soo com 39,3%.
Uma pesquisa separada realizada pela emissora JTBC colocou Lee com 50,6% e Kim com 39,4%. O Channel A também previu uma vitória de Lee por margens semelhantes.
Depois de sofrer um processo de impeachment pelo Parlamento em dezembro, Yoon foi destituído do cargo pela Corte Constitucional em 4 de abril, menos de três anos após o início de seu mandato de cinco anos, desencadeando a eleição antecipada que agora poderá reformular a liderança política e as políticas externas do país.
Lee, do Partido Democrático, chamou a eleição de “dia do julgamento” contra o governo anterior de Yoon e o conservador Partido do Poder Popular, acusando-os de terem tolerado a tentativa de lei marcial por não terem lutado mais para impedi-la e até mesmo tentado salvar a Presidência de Yoon.
“Espero que as questões relacionadas à lei marcial sejam abordadas de forma mais clara e transparente”, disse Kim Yong-Hyun, 40 anos, morador de Seul. “Ainda há muitas coisas que não fazem sentido, e eu gostaria de vê-las devidamente resolvidas.”
Park Chan-dae, líder interino do Partido Democrático, disse à KBS que o partido estava aguardando a contagem oficial dos votos, mas que as projeções sugerem que os eleitores rejeitaram a tentativa de lei marcial e estão esperando uma melhoria em seus meios de subsistência.
“Acho que as pessoas fizeram um julgamento inflamado contra o regime de insurreição”, declarou ele.
O vencedor deverá enfrentar desafios, incluindo uma sociedade profundamente marcada por divisões que se tornaram mais óbvias desde a tentativa de governo militar, e uma economia com alto índice de exportação que está sofrendo com as imprevisíveis medidas protecionistas dos Estados Unidos, um importante parceiro comercial e aliado de segurança.
Se as projeções das pesquisas de boca de urna forem precisas, Lee deverá se tornar oficialmente presidente quando a Comissão Eleitoral Nacional declarar o vencedor na quarta-feira, assumindo imediatamente o poder, inclusive tornando-se comandante-chefe das Forças Armadas.
(Reportagem de Joyce Lee, Ju-min Park, Daewoung Kim, Yeobin Park, Hyunsu Yim e Ju-min Park)
(Reuters)