DUBAI/JERUSALÉM (Reuters) – O líder supremo do Irã, aiatolá Ali Khamenei, rejeitou pedido de rendição incondicional do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, nesta quarta-feira, enquanto os iranianos congestionavam as rodovias que saem de Teerã fugindo da intensificação dos ataques aéreos israelenses.
Em um discurso gravado e transmitido pela televisão, sua primeira aparição desde sexta-feira, o líder do Irã Khamenei, de 86 anos, rejeitou rendição solicitada por Trump e disse que os norte-americanos “devem saber que qualquer intervenção militar dos EUA será, sem dúvida, acompanhada de danos irreparáveis”.
“Pessoas inteligentes que conhecem o Irã, a nação iraniana e sua história nunca falarão com essa nação em linguagem ameaçadora, porque a nação iraniana não se renderá”, afirmou ele.
Trump deixou de defender um fim diplomático rápido para a guerra e passou a sugerir que os Estados Unidos poderiam se juntar a ela. Em publicações nas redes sociais na terça-feira, ele refletiu sobre matar Khamenei e depois exigiu “RENDIÇÃO INCONDICIONAL!” do Irã.
Uma fonte familiarizada com as discussões internas disse que Trump e sua equipe estavam considerando opções que incluíam juntar-se a Israel em ataques contra instalações nucleares iranianas.
As Forças Armadas de Israel disseram que 50 jatos israelenses atingiram cerca de 20 alvos em Teerã durante a noite, incluindo locais de produção de matérias-primas, componentes e sistemas de fabricação de mísseis. Os militares disseram aos iranianos para deixarem partes da capital para sua segurança enquanto atingiam os alvos.
O trânsito ficou congestionado nas rodovias que saem da cidade de 10 milhões de pessoas. Arezou, de 31 anos, disse à Reuters por telefone que havia conseguido chegar à cidade turística de Lavasan, nas proximidades.
“Ficaremos aqui enquanto essa guerra continuar. A casa da minha amiga em Teerã foi atacada e seu irmão ficou ferido. Eles são civis”, declarou ela. “Por que estamos pagando o preço pela decisão do regime de buscar um programa nuclear?”
Em Israel, as sirenes tocaram alertando as pessoas sobre os ataques de mísseis de retaliação iranianos. Na estação de trem da cidade de Ramat Gan, a leste de Tel Aviv, as pessoas estavam deitadas em colchões fornecidos pela prefeitura, alinhados ao longo do chão, com uma ou outra cadeira de acampamento e garrafas plásticas de água espalhadas.
“Estou assustada, sobrecarregada. Especialmente porque moro em uma área densamente povoada que parece ser o alvo do Irã e nossa cidade tem prédios muito antigos, sem abrigos e espaços seguros”, disse Tamar Weiss, segurando sua filha de quatro meses.
O Ministério das Relações Exteriores da Rússia afirmou que o mundo estava “a milímetros de uma catástrofe” devido aos ataques diários às instalações nucleares do Irã. O ministro das Relações Exteriores da Alemanha fez um apelo aos líderes do Irã para que dessem garantias confiáveis de que não estavam buscando uma arma nuclear e mostrassem disposição para encontrar uma solução negociada.
Por Parisa Hafezi e Jana Choukeir e Crispian Balmer
Reuters