Mineiros e os desafios no reforço da lapidação

Luanda – Angola celebra este domingo (27 de Abril) o Dia dos Trabalhadores Mineiros, data que homenageia os operadores do sector, alinhados com a iniciativa do Governo de reforçar a capacidade de lapidação de diamantes no país.

Como desafio, o sector dos mineiros tem em carteira a conclusão de dez fábricas de lapidação de diamantes, até 2027, uma meta que também vai estimular a atracção de investidores privados em Angola.

Segundo a Empresa Nacional de Comercialização de Diamantes de Angola (SODIAM), o Executivo projectou a instalação de 19 unidades de lapidação de diamantes, para o período 2023/2027, das quais duas já foram concluídas, enquanto cinco fábricas estão em construção.

Para os operadores do sector, o surgimento dessas instituições vai permitir alargar a capacidade de lapidação de diamantes e fomentar a capacitação do capital humano, conteúdo local e a responsabilidade social no sub-sector mineiro.

Dados de 2024 indicam a existência de oito fábricas de lapidação de diamantes, no país, com realce para a Stone Polished Diamond, a KGK e Pedra Rubra, ambas em Luanda, e as unidades fabris instaladas no Pólo de Desenvolvimento Diamantífero de Saurimo, na Lunda-Sul.

Outro desafio prende-se com a melhoria da qualidade de vida das comunidades mineiras, com o incremento de projectos sustentáveis, no âmbito da responsabilidade social.

A isto inclui-se a formação em empreendedorismo e empregabilidade nas regiões diamantíferas.

A actualização e renovação dos instrumentos jurídico-legais que regem a gestão da Comissão Nacional do Processo Kimberley e novo modelo de certificação, até ao final de 2025, assim como a promoção das boas práticas internacionais aceites no sub-sector dos diamantes e a implementação das sete ferramentas do sistema de rastreabilidade, até 2027, constam também dos desafios.

No entanto, o sub-sector ainda atravessa momentos difíceis a nível mundial, marcado pela queda do preço deste mineral no mercado internacional, em função da fraca procura dos diamantes naturais, em detrimento do surgimento de diamantes artificiais (sintéticos).

A título de exemplo, entre Janeiro e Setembro de 2024, o preço médio baixou de 175,2 dólares/quilate para USD 150, uma queda de 14,2%, segundo o Jornal Expansão.

Angola prevê, ainda para este ano, ter uma Bolsa de Diamantes para proceder a venda directa deste produto no país e influenciar no valor mundial da comercialização.

Produção diamantífera

Durante o exercício económico 2024, Angola alcançou cerca de 96% da sua produção de diamantes, ao registar, aproximadamente, 14 milhões de quilates, alcançando quase a meta anual prevista no Plano de Desenvolvimento Nacional (PDN) 2023-2027, que estima uma produção de 14,64 quilates/ano.

No domínio da venda, o país exportou cerca de 10,2 milhões de quilates, facto que permitiu arrecadar perto de 1,5 mil milhões de dólares, cujo destino principal foi os Emirados Árabes Unidos, com 78,1%, e a Bélgica (19,8%).

A produção diamantífera do país é sustentada, essencialmente, pelas empresas Endiama, Catoca, Luele, Chitotolo, Cuango, Somiluana, Uari-Cambange, entre outras, que exploram diamantes, fundamentalmente, nas províncias da Lunda-Norte, Lunda-Sul e do Bié.

Para além do diamante, Angola dispõe e explora outros recursos minerais, como rochas ornamentais e ferro.

O país possui 36 dos 51 minerais considerados críticos mundialmente, o que representa uma grande oportunidade para Angola, especialmente no contexto da transição energética e do desenvolvimento de tecnologias verdes.

Entre os minerais críticos de Angola, destacam-se o crómio, cobalto, cobre, grafite, lítio, níquel e elementos de terras raras, cruciais para a produção de baterias, veículos eléctricos, painéis solares e outras tecnologias de baixo carbono.

Para assinalar a efeméride, que decorreu sob o lema “Mineração responsável, futuro brilhante”, o ministério de tutela promoveu jornadas técnicas e científicas, iniciadas a 15 deste mês, que abarcaram uma série de actividades sociais, desportivas e culturais.

Instituída em 1985, através da Resolução n. 6/85 de 15 de Abril, a data visa reconhecer o contributo dos trabalhadores mineiros no crescimento e desenvolvimento socioeconómico do país.

Por Quinito Bumba, jornalista da ANGOP

ANGOP

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