Pemba, Moçambique, (Lusa) – As populações de Miangalewa e Litapata, distrito de Muidumbe, na província moçambicana de Cabo Delgado, estão a abandonar as suas comunidades devido a movimentações de supostos grupos terroristas, disseram hoje à Lusa fontes locais.
“Quase ninguém está Miangalewa, todos nós saímos para o planalto. Os rebeldes continuam por lá”, disse uma fonte local, a partir de Mueda, distrito localizado a pouco mais de 40 quilómetros de Muidumbe.
A fuga de populares da região Miangalewa começou em 19 de dezembro, após um novo ataque protagonizado por supostos terroristas.
O ataque aconteceu à luz do dia, por volta das 12:00 (10:00 em Lisboa) do dia 18 de dezembro, quando os supostos rebeldes entraram na aldeia a disparar.
A população de Litapata começou a abandonar a sua aldeia no dia 26 de dezembro, após também detetar a presença de supostos terroristas, disseram à Lusa fontes locais.
Os rebeldes apareceram no dia 25 em massa na aldeia, a cerca de 20 quilómetros da sede distrital de Muidumbe, o que levou a população a iniciar a fuga.
Miangalewa e Litapata são comunidades zona baixa de Muidumbe e que foram severamente afetadas pelos ataques dos rebeldes, desde o início em 2017.
“Já estávamos a voltar porque as coisas estavam a melhorar, mas nos últimos dias, as coisas mudaram, na minha aldeia chegaram três vezes em uma semana” lamentou outra fonte de Litapata.
Localizadas a quase 300 quilómetros de Pemba (capital provincial), Miangalewa e Litapata têm potencial agrícola, sendo esta a base para sobrevivência de diversas famílias, mas atualmente a insegurança coloca camponeses que lá vivem em alerta máximo.
“Se isso continuar, vamos morrer à fome”, lamentou à Lusa um camponês local.
Desde outubro de 2017, a província de Cabo Delgado, rica em gás, enfrenta uma rebelião armada com ataques reivindicados por movimentos associados ao grupo extremista Estado Islâmico.
O último grande ataque deu-se em 10 e 11 de maio deste ano, na sede distrital de Macomia, com cerca de uma centena de rebeldes a saquearem a vila, causando vários mortos, e fortes combates com as Forças de Defesa e Segurança de Moçambique e militares ruandeses, que apoiam Moçambique no combate aos rebeldes.
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